O cartão vermelho de Bolsonaro foi para a sociedade brasileira

O presidente Jair Bolsonaro, bravateiro, disse nesta terça-feira (15) que daria um “cartão vermelho” para quem falasse de Renda Brasil em seu governo até 2022.

O diabo é que o “Renda Brasil” surgiu naquela fatídica reunião ministerial de 22 de abril em que o então ministro da Educação, Abraham Weintraub, xingou de “vagabundos” os ministros da Supremo Tribunal Federal. Ato contínuo, Weintraub saiu foragido do país e ganhou asilo no Banco Mundial, nos Estados Unidos.

Na mesma “sessão de horrores”, a ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, ameaçou prender governadores de estados e prefeitos em virtude de medidas que eles tomaram contra o avanço da pandemia.

Na época, na reunião ocorrida no Palácio do Planalto, cujo vídeo foi divulgado pelo ministro do STF Celso de Mello, Paulo Guedes alinhavava o que seria o plano “Pró-Brasil” para supostamente recuperar a economia brasileira diante da pandemia que se iniciava.

Estranhamente, Bolsonaro reagiu ontem à revelação de que o governo planeja cortar salários, congelar pensões e aposentadorias, retirar benefícios continuados para deficientes, limitar acesso a auxílios emergenciais, tudo isso para criar um programa fajuto, mas robusto do ponto de vista de marketing político-eleitoral.

Esse plano de Bolsonaro e Guedes é “Segredo de Polichinelo”, ou seja, todos nós sabemos que está em curso mais essa patifaria.

Economia

A reação negativa de amplos atores sociais fez com que Bolsonaro desse um “cartão vermelho” não para Guedes e sua trupe, mas para a sociedade que é feita mais uma vez de otária, haja vista que o governo [Guedes] já decidiu o que os jornalões anunciaram, porém aguardam o melhor momento para enfiar goela-baixo dos mais vulneráveis.

Note o caríssimo leitor que Guedes e Bolsonaro mantêm intactos os interesses de bancos e da velha mídia corporativa, que hoje em dia também age menos como empresa jornalística e mais como uma instituição financeira. Basta perceber que os donos de veículos de comunicação possuem em regra as maquininhas para pagamentos eletrônicos. A Globo tem a “Ton” e a Folha possui a “PagSeguro”, por exemplo.

Por isso, não temos dúvida, o “cartão vermelho” de Bolsonaro foi para a sociedade brasileira.

LEIA TAMBÉM

‘Aperte o cinto, o presidente sumiu’, diz Flávio Dino

Flávio Dino: vivemos um “presidencialismo sem presidente”.

O governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, voltou a criticar, em suas redes sociais nesta terça-feira (15) a falta de organização e de projeto de Bolsonaro e companhia.

“Essa trapalhada com o Renda Brasil e o Bolsa Família não pode ser imputada exclusivamente a Guedes e sua equipe”, disse Dino.

“O problema é a falta de programa de governo e de comando administrativo. Estamos vivendo um exotismo: o presidencialismo sem presidente”, declarou o governador maranhense.

O comentário do governador Flávio Dino foi uma resposta a mais um dos desencontros entre Bolsonaro e seu ministério.

Também nesta terça-feira, o presidente desautorizou a equipe de Paulo Guedes, da Economia, com relação a possíveis cortes em benefícios sociais e congelamento em aposentadorias, conforme estaria sendo aventado para sustentar o natimorto Renda Brasil. Bolsonaro afirmou que estaria “proibido” falar no programa e que o Bolsa Família continuaria em vigor.

Com informações do PCdoB.