Boris Johnson proíbe reuniões com mais de seis pessoas na Inglaterra para conter a Covid-19

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, justificou nesta quarta-feira (9/9) a necessidade de uma “ação decisiva” diante do atual ressurgimento da pandemia de coronavírus no Reino Unido, que levou a proibir reuniões de mais de 6 pessoas na Inglaterra.

Nas últimas semanas, o governo conservador aumentou os incentivos para que os britânicos voltem aos escritórios, às escolas e aos bares e restaurantes para impulsionar uma economia que registrou uma recessão sem precedentes na Europa.

Entretanto, teve que conter ligeiramente o desconfinamento neste verão europeu para impor novamente restrições locais devido a novos surtos específicos.

Agora, diante de um aumento dos casos em nível nacional, como já ocorre há semanas em outros países europeus, o primeiro-ministro resolveu agir em maior escala.

A partir de segunda-feira – com exceção das escolas, locais de trabalho e eventos como casamentos ou funerais – estarão proibidas as reuniões de mais de seis pessoas, em locais internos e externos.

“Se o fizerem, estarão violando a lei” e poderão ser multados, alertou Johnson em sua primeira coletiva de imprensa sobre o coronavírus em meses.

Economia

Do mesmo modo, bares e restaurantes deverão registrar os contatos de seus clientes de forma obrigatória e não voluntária, como acontecia até agora.

“Essas medidas não são outro confinamento nacional, elas estão precisamente destinadas a evitar um segundo confinamento nacional”, afirmou, destacando sua determinação em “manter as escolas abertas” após o recente retorno dos alunos às aulas.

As novas restrições, que devem durar meses, valem apenas para a Inglaterra, porque as outras três nações do país -Escócia, Gales e Irlanda do Norte- têm uma gestão autônoma da pandemia.

Johnson também explicou que, “em um futuro próximo”, as autoridades britânicas irão realizar testes em massa “para identificar as pessoas que não têm coronavírus e permitir que se comportem de uma forma mais normal”.

Desse modo, confiando no desenvolvimento de testes mais simples e rápidos, o Reino Unido espera, por exemplo, que teatros ou estádios possam fazer testes em todo o público e permitir a entrada daqueles que não estejam infectados.

“Os locais de trabalho poderão deixar entrar todos que derem negativo naquela manhã” e os viajantes em quarentena poderão sair dela se não forem contagiosos, explicou Johnson, reconhecendo que é “um plano muito ambicioso” para o qual ainda não estão prontos.

No momento, no país mais castigado da Europa, com 41.600 mortes confirmadas por covid-19, várias pessoas com sintomas não conseguiram fazer um teste nos últimos dias porque os laboratórios estão sobrecarregados pela demanda.

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Coronavírus: Vacina Sputnik V será testada em 40 mil moscovitas a partir desta quarta-feira

As autoridades de Moscou anunciaram nesta quarta-feira (9) que começaram a testar a “vacina russa” contra o coronavírus em 40 mil habitantes da capital, última etapa dos testes deste imunizante anunciado com grande alarde em agosto. “Os primeiros participantes foram vacinados hoje nos estabelecimentos médicos da capital”, revelou em nota a vice-prefeita de Moscou, Anastasia Rakova, enfatizando “um dia importante não só para a cidade, mas para todo o país”.

Ao todo, 40 mil moscovitas são convidados a participar deste estudo, em que qualquer habitante de nacionalidade russa, com cobertura médica válida, pode ser voluntário.

A Rússia anunciou no início de agosto que havia desenvolvido a “primeira” vacina contra a Covid-19, desenvolvida pelo instituto de pesquisas Nikolay-Gamaleya. Na ocasião, o presidente Vladimir Putin declarou que uma de suas filhas havia recebido a substância imunizante.

Batizada de Sputnik V, em referência ao primeiro satélite artificial da história, a “vacina russa” foi vista com ceticismo no mundo, principalmente por não ter passado pela fase final de testes no momento em que foi anunciada. De acordo com o site oficial dedicado ao produto, a “fase 3 dos ensaios clínicos, envolvendo mais de 2 mil pessoas” em diversos países, teve início em 12 de agosto, um dia após o anúncio do registro da Sputnik V.

Resultados animadores

Pesquisadores russos publicaram, quase um mês após o anúncio, um primeiro estudo que mostra que o projeto está dando resultados preliminares animadores. O produto desencadearia uma resposta imunológica e não causaria efeitos adversos graves, de acordo com um artigo publicado pela prestigiosa revista britânica The Lancet, após avaliação de um comitê de cientistas independentes.

Esses resultados ainda não comprovam que o imunizante russo proteja de forma efetiva contra a infecção pelo novo coronavírus, o que terá de ser demonstrado em estudos mais amplos, apontam os especialistas.

Mais de 20 países já solicitaram a compra de 1 bilhão de doses da vacina, de acordo com informações do fundo soberano russo envolvido em seu financiamento. No Brasil, o governo do Paraná informou na última sexta-feira (4) que prevê protocolar um pedido na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar os testes do produto russo em voluntários até o fim de setembro.

Muitos países estão engajados atualmente na busca por uma vacina contra o coronavírus, que já matou quase 900 mil pessoas em todo o mundo. Os ensaios clínicos de uma das vacinas em estado mais avançado de pesquisa, desenvolvida pela British University of Oxford e pelo grupo farmacêutico anglo-sueco AstraZeneca, foram suspensos nesta terça-feira (8) para elucidar um possível grave efeito colateral em um dos participantes.

Um compromisso histórico

Nove grandes laboratórios americanos e europeus se comprometeram nesta terça-feira a respeitar as regras científicas em vigor durante os testes já em andamento ou futuros no desenvolvimento de vacinas contra o coronavírus, conscientes da dimensão política que esta busca vem assumindo.

Os grupos, que incluem a americana Pfizer, as britânicas GlaxoSmithKline e AstraZeneca e a francesa Sanofi, evocam em comunicado conjunto “um compromisso histórico (…) de respeitar a integridade do processo científico em seus esforços para reivindicar a autorização de comercialização internacional e homologação das primeiras vacinas contra a Covid-19″.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou na última sexta-feira (4) que não espera uma vacinação generalizada contra a Covid-19 antes de meados de 2021.

Por RFI