Sem acordo, trabalhadores dos Correios param dia 18 de agosto

A Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios, Telégrafos e Similares (Fentect) anunciou a convocação de greve nos Correios para o dia 18 de agosto.

De acordo com a entidade, a empresa “não apresentou nenhuma contra proposta à pauta de negociações enviada pela categoria” e “não cumpre as medidas mínimas de segurança à saúde do trabalhador”. A categoria reivindica o aumento salarial e a manutenção dos benefícios.

A Fentect informa ainda que os 36 sindicatos filiados realizarão assembleias no dia 17 de agosto para deflagração de greve.

“Os trabalhadores ainda lutam contra a privatização alardeada pelo Governo Bolsonaro e a cúpula dos Correios como prioridade. A partir dessa meta, o governo vem promovendo o sucateamento e fechamento das agências, promovendo demissões para facilitar a privatização. Hoje os trabalhadores dos Correios respondem por parte importante da movimentação da economia nacional, com o crescimento vertiginoso do e-commerce e pela prestação de um serviço essencial, nos rincões do país, aonde empresas de logística não atuam”, diz a nota da Fentetc.

A direção dos Correios informou que “a empresa já possui um plano de contingência formulado para garantir a continuidade de suas atividades, sobretudo nesse momento em que os serviços da empresa são ainda mais essenciais para pessoas físicas e jurídicas”.

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A greve na Renault e a ‘política do desemprego’ de Bolsonaro e Guedes, por Milton Alves

O ativista social Milton Alves, em artigo especial, relata a luta dos trabalhadores da montadora francesa Renault na Grande Curitiba. Eles estão em greve há 10 dias, após a demissão de 747 metalúrgicos em plena pandemia do novo coronavírus e a despeito de a fábrica receber fortes incentivos ficais do governo do Paraná.

Leia a íntegra do artigo de Milton Alves:

A greve na Renault e a ‘política do desemprego’ de Bolsonaro e Guedes

Por Milton Alves*

Os trabalhadores da Renault completam neste domingo (2) o décimo segundo dia de greve na planta da montadora localizada em São José dos Pinhais, região da grande Curitiba. O movimento exige a imediata readmissão de 747 metalúrgicos demitidos no curso da negociação entre a empresa e a direção do sindicato.

Enquanto não houver avanço nas negociações a greve continuará por tempo indeterminado, foi a decisão adotada na última assembleia dos trabalhadores da empresa. Além das assembleias diárias na entrada da montadora e de piquetes nas concessionárias da Renault em Curitiba, os metalúrgicos têm realizado manifestações nas ruas do centro de São José dos Pinhais para conscientizar a população dos efeitos das demissões na economia da cidade. Também foi realizada uma audiência pública sobre as demissões na Assembleia Legislativa do Paraná.

A direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba cobra do governo Ratinho Jr. medidas efetivas para reverter as demissões – a montadora francesa é beneficiária de bilionárias isenções fiscais e tributárias e de um conjunto de facilidades operadas pelo estado durante a sua instalação no Paraná. – Lei Estadual 15.426/2007.

A greve dos metalúrgicos da Renault sinaliza um caminho de resistência ativa contra a “boiada de demissões” em plena pandemia do coronavírus planejada pelas montadoras e grandes empresas – inclusive estatais – para o segundo semestre. Uma verdadeira “política do desemprego” estimulada pelo governo Bolsonaro. Montadoras instaladas no Nordeste do país já anunciaram cortes de trabalhadores. A Embraer, com fracasso de sua aquisição pela Boeing, também fala em reduzir, portanto demitir, o quadro de trabalhadores. A Petrobras, esquartejada, também prossegue com planos de demissões.

A ofensiva patronal, estimulada pelo governo Bolsonaro, quer atirar toda a carga da crise no lombo do trabalhadores, com mais desemprego, redução de salários e intensa precarização. Enquanto isso, 42 bilionários brasileiros aumentaram seu patrimônio líquido de US$ 123, 1 bilhões em março para US$ 157,1 bilhões em junho, segundo dados revelados pela ONG Oxfam.

O número de desempregados continua crescendo no país segundo registra o IBGE. A taxa de desemprego já bateu em 13,1% na segunda semana de julho. Com a política econômica desastrosa do ministro da Economia, Paulo Guedes, o quadro tende a piorar nos próximos meses. O governo Bolsonaro não tem e não terá um plano de conjunto para a retomada da economia. O que Guedes promete é desonerar a folha para agradar o empresariado e mais arrocho e retirada de direitos dos trabalhadores – e uma reforma tributária regressiva.

O próximo período vai exigir das direções sindicais a unificação das greves contra o desemprego. A retomada da palavra de ordem: Demitiu, parou! E ao mesmo tempo, o enlace da luta econômica em defesa do emprego e da vida com a mobilização política para pôr fim ao governo Bolsonaro -, um inimigo declarado da classe trabalhadora.

*Milton Alves é ativista político e social. Autor do livro ‘A Política Além da Notícia e a Guerra Declarada Contra Lula e o PT’ (Kotter Editorial).