Parlamento de Israel prefere manter Netanyahu no poder, apesar de acusações de corrupção

O parlamento israelense rejeitou, nesta quarta-feira (12), um projeto de lei que poderia afastar do poder o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. O texto tinha como objetivo evitar que um político acusado de um crime pudesse formar um governo. O premiê responde por um processo de corrupção.

Com 53 votos contra e 37 a favor, os legisladores rejeitaram o projeto proposto pelo líder da oposição, Yair Lapid, que busca desqualificar Netanyahu em caso de novas eleições. No entanto, o debate deixou ainda mais evidentes as tensões da coalizão governamental no país.

O governo de união israelense liderado por Benjamin Netanyahu e Benny Gantz tomou posse em maio, encerrando 500 dias de crise, marcados por três eleições sem vencedor. Mas o frágil cenário econômico e a pandemia de coronavírus, além das tensões na Cisjordânia, tornam difícil a gestão do país desde então.

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O partido centrista Azul-Branco de Benny Gantz, que se aliou ao Likud (direita) de Netanyahu para formar um governo, não participou da votação desta quarta-feira. A oposição havia pedido aos representantes do partido de Gantz, que fez da honestidade sua bandeira política, que votassem a favor do texto.

“Nossa posição fundamental sobre esse projeto não mudou. Mas votar essa lei agora é simplesmente uma tentativa de desestabilizar todo o sistema político”, indicou a direção do partido Azul-Branco pouco antes do voto.

A recusa do partido centrista de apoiar o projeto de lei da oposição permite evitar a dissolução imediata do Parlamento. No entanto, ela não resolve a crise sobre o voto do orçamento, principal ponto de discórdia nas relações entre Gantz e Netanyahu, que devem dividir o controle do país.

Tentativa de sabotar a coalizão?
Gantz exige que o orçamento seja adotado por dois anos para garantir uma estabilidade do governo, como havia sido estipulado no acordo de coalizão. Mas Netanyahu defende um orçamento para apenas um ano, alegando que a epidemia de Covid-19 os impede de prever algo a longo prazo.

O orçamento deve ser votado antes de 25 de agosto para que não haja uma dissolução do Parlamento. Mas os deputados validaram nessa quarta-feira em primeira leitura um projeto de lei para obter um prazo suplementar de cem dias.

A imprensa local questiona se Netanyahu, que além das acusações de corrupção é criticado pela gestão da crise sanitária, não estaria tentando sabotar a coalizão para provocar novas eleições e tentar formar um governo sem Benny Gantz.

“Netanyahu já está em campanha. Ele quer uma eleição”, lançou o líder da oposição, Yair Lapid.

Por RFI