“Irresponsável”: redes sociais detonam o presidente Jair Bolsonaro

O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) conseguiu mudar do patamar da piada pronta para o cinismo pronto ao afirmar, nesta quarta-feira (19), que “não ter visto no mundo” alguém que enfrentou melhor a pandemia de covid-19 do que o próprio governo brasileiro. Ao deboche, as redes sociais responderam chamando o mandatário de “irresponsável”. É pouco.

Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, apesar de a velha mídia passar o pano, cometem crime contra a humanidade e genocídio no trato da pandemia da covid-19 no Brasil. Há ao menos duas representações contra o governo no Tribunal Penal Internacional, em Haia.

Voltemos ao cinismo de Bolsonaro, que ontem falou numa cerimônia de humilhação ao empresariado brasileiro.

“No meu entender, guardando-se as devidas proporções, não vi no mundo quem enfrentou melhor essa questão do que o nosso governo. Isso nos orgulha. Mostra que tem gente capacitada e preocupada, em especial, com os mais pobres, os mais humildes”, disse o presidente, mesmo colecionando mais de 78 milhões de desempregados –recorde no mundo– e milhares de portas de comércio sendo fechadas no País.

No dia que Bolsonaro fez autoelogios, o Brasil 111.100 mortes pelo novo coronavírus e somou quase 3,5 milhões de casos da doença.

“Temos dois problemas: o vírus e o desemprego. São dois assuntos que devemos tratar com responsabilidade, mas simultaneamente. A turma do ‘fica em casa’ e a turma do contra começou a dizer que eu era insensível e não estava preocupado com a vida das pessoas, e dizendo sempre ao Guedes que ‘a economia se recupera, a vida não’. Olha, uma quebradeira na economia, não precisa ser médico nem economista pra dizer isso, as causas, o efeito colateral disso é pior, mas muito pior do que o próprio vírus”, afirmou Jair Bolsonaro.

Economia

O “irresponsável” presidente da República ainda arrematou: “Hoje em dia, já se começa a notar que o governo lá atrás estava no caminho certo, enquanto se fechava quase tudo no Brasil, nós aqui não paramos, em especial com a equipe econômica, trabalhando e buscando meios para que empregos não fossem destruídos e as propostas apresentadas por nós foram excepcionais.”

Bolsonaro e Guedes participaram ontem de uma solenidade de sanção de medidas provisórias que, segundo eles, facilitam o acesso ao crédito. A cerimônia foi no Palácio do Planalto.

As redes sociais começaram o dia, nesta quinta-feira (20), cobertas de razão. Bolsonaro é um irresponsável.

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Senado derruba veto de Bolsonaro aos reajustes para servidores da saúde, educação e segurança

Os senadores derrubaram nesta quara-feira (19) o veto do presidente Bolsonaro que impedia reajustes salariais e contagem de tempo de serviço para profissionais de segurança pública, saúde, e educação durante a pandemia de covid-19. O veto ainda será analisado pela Câmara dos Deputados.

Esses profissionais entraram como exceções à proibição de reajustes e contagem de tempo no serviço público, que foi estabelecida pela Lei Complementar 173, de 2020 como contrapartida ao auxílio federal de R$ 125 bilhões para estados e municípios durante a pandemia.

Também são beneficiados os militares, os trabalhadores de limpeza urbana, os agentes penitenciários, os assistentes sociais e os trabalhadores de serviços funerários.

Apenas os trabalhadores dessas categorias que atuem diretamente no combate à pandemia estão livres da restrição. Os demais servidores públicos federais, estaduais e municipais continuam enquadrados na proibição, que vai até o fim de 2021.

A contagem do tempo de serviço serve para progressão de carreira, concessão de aposentadoria e acúmulo de licenças e gratificações.

Com a derrubada do veto, os estados e municípios também poderão usar o dinheiro recebido do auxílio federal para concederem os reajustes salariais.

O senador Major Olimpio (PSL-SP) foi o primeiro a defender a derrubada do veto durante a sessão. Para ele, o “congelamento” de salário como contrapartida para o auxílio federativo é desnecessário, pois o setor público já terá dificuldades naturais para conceder reajustes. Além disso, a regra é “desumana” com os trabalhadores mais importantes neste momento, disse o senador

“Em todos os países do mundo quem está na guerra é condecorado. Nós estamos tirando [direitos]”; afirmou Major Olimpio.

Vale lembrar que Olimpio foi um dos expoentes da onda bolsonarista que tomou conta do Brasil em 2018, mas que se distanciou do presidente e de seu clã já no ano passado.