Há um impasse entre o Congresso Nacional e o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), embora este último tenha o controle da situação em virtude da cooptação do Centrão. A celeuma envolve a prorrogação do auxílio emergencial de R$ 600.
A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, resiste à ideia de continuar com a ajuda de R$ 600, mas os parlamentares querem parcelas extras enquanto se faz a transição para o programa “Renda Brasil”.
“É óbvio que após a pandemia, as pressões políticas continuam”, disse o secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys. Segundo ele, o auxílio de R$ 600 é muito bom para a população. “A população recebia um Bolsa Família de R$ 190, passar a ter três vez mais isso é ótimo, mas não é sustentável, não conseguimos manter isso”, ponderou.
Bolsonaro, muito provavelmente, colocou os deputados e senadores do Centrão para morder a bunda do ministro da Economia, que se nega a “furar o teto” de gastos para pagar o auxílio emergencial. De acordo com Guedes, a ideia é segurar os gastos governamentais.
A pressão de Bolsonaro e do Congresso, juntos, tem a ver com a popularidade. Graças ao auxílio emergencial de R$ 600, durante a pandemia do novo coronavírus, a aprovação do presidente da República, de governadores e de prefeito nunca estiveram tão alta.
Por outro lado, o governo precisa de fazer “dinheiro novo” ou ligar das máquinas da Casa da Moeda para imprimir novas cédulas. Ocorre que a primeira opção significa criar novo imposto, a CPMF das transações eletrônicas, e a segunda opção, dizem os técnicos, causaria inflação e a furada do teto.
“Não dá para criar novos impostos a cada crise, a gente tem que olhar e voltar ao que estávamos discutindo [equilíbrio fiscal]. Pode ser mais fácil abrir um espaço fiscal no orçamento para aumentar o investimento púbico, mas isso é um ciclo vicioso”, disse hoje o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que utiliza a contradição para tentar continuar no cargo.
Paulo Guedes defende que o auxílio emergencial seja reduzido entre R$ 200 e R$ 300 dentro do programa “Renda Brasil”.
O presidente da Câmara, mais alinhado ao ministro da Economia, afirma que é difícil manter os R$ 600. “É muito difícil”, disse Rodrigo Maia, mostrando-se mais ajustado aos interesses do sistema financeiro.
LEIA TAMBÉM
- Efeito Auxílio Emergencial: Bolsonaro inicia semana com agenda pelo Nordeste
- Bolsonaro abre o bico: ‘não dá para continuar muito’ com o auxílio emergencial
- Cédula de R$ 200, para Bolsonaro ‘capitalizar’ auxílio emergencial, será cinza, informa BC
- Coração de pedra, Bolsonaro veta prioridade a mulher chefe de família no pagamento do auxílio emergencial
- Auxílio emergencial ou fundo de reeleição para Bolsonaro?
- Governo Bolsonaro teme convulsão social após o auxílio emergencial de R$ 600
- Auxílio emergencial de R$ 600 veio para ficar até 2022, diz diretor da Paraná Pesquisas
“Bolsonaro busca o eleitorado da esquerda”, avalia cientista política
Mais de 100 mil mortos por coronavírus e uma popularidade recorde. A última pesquisa Datafolha para medir o apoio ao presidente Jair Bolsonaro indicou que ele desfruta da maior aprovação desde que assumiu o Planalto: 37% dos consultados consideram o governo bom ou ótimo. A prorrogação da ajuda emergencial para a população mais vulnerável face à crise do coronavírus foi determinante para a alta de 5%, em relação à pesquisa anterior, de julho.
“Ele está tomando as bandeiras e buscando o eleitorado da esquerda, com redistribuição de renda e cuidado dos pobres. As bandeiras da soberania, do nacionalismo, do desenvolvimento nacional, que são da esquerda, estão sendo assumidas progressivamente por ele e a esquerda está desamparada, não encontra o seu próprio discurso”, afirma a cientista política Sônia Fleury, do Centro de Estudos Estratégicos da Fundação Oswaldo Cruz.
O auxílio emergencial de R$ 600 chegou a uma população de 66 milhões de pessoas, das quais a maioria recebia valores bastante inferiores com o Bolsa Família e outros programas assistenciais. A ajuda, num momento de crise econômica inédita causada pela pandemia, fez despencar a rejeição a Bolsonaro no Nordeste – de 52% para 35%.
“Foi não só uma ajuda aos pobres, como um auxílio para a economia, que começou a voltar a girar, principalmente o varejo”, observa a ex-professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) por mais de 30 anos.
Favelas desassistidas abrem caminho para aumento da aprovação
Fleury é uma das fundadoras da plataforma Dicionário de Favelas Marielle Franco, que reúne dados sobre as comunidades e periferias no Brasil. Ela frisa que, atualmente, a população pobre, negra e das favelas é a mais contaminada pela Covid-19. Mesmo assim, até hoje não contou com uma política sanitária específica de combate à doença.
“Quem pensou em política pública para essas populações foi a própria comunidade. Os governadores e outras autoridades proibiram as pessoas de sair de casa, mas não tinham dinheiro para dar – afinal, quem tinha era o governo federal – e não cuidaram do que podia ser feito”, diz Fleury. ” Acho que isso faz com que o Bolsonaro apareça como o único que fez alguma coisa para os pobres – quando, na realidade, ele é uma pessoa que os despreza totalmente.”
Maior índice de rejeição desde Collor
A cientista política ressalta ainda que outros fatores contribuíram para a recuperação da imagem do presidente junto à elite brasileira, apesar da gestão caótica da pandemia. Depois de aprofundar os enfrentamentos com o Supremo Tribunal Federal (STF) e não esconder a possibilidade de um golpe, Bolsonaro mudou de estratégia para afastar a possibilidade de um eventual impeachment.
“Ele deixou de enfrentar os poderes, fez um acordo com o chamado Centrão e começou a minimizar as tensões. A classe média alta via com preocupação a possibilidade de um golpe”, avalia a pesquisadora. ”É assustador, mas é importante dizer que ele também é o presidente com maior índice rejeição desde o Collor. A maioria da população não o aceita como bom nem ótimo”, frisa Fleury.
Por Lúcia Müzell, na RFI.
Regina Duarte, ‘bolsonarista arrependida’, pede ajuda para voltar à Globo
A atriz Regina Duarte, que trocou um contrato na Rede Globo com mais de 50 anos de duração para assumir Secretaria Especial da Cultura do governo Bolsonaro, está tentando articular a volta para a emissora da família Marinho.
Segundo o colunista Ricardo Feltrin (UOL), Regina está sondando os amigos que ainda tem na Globo há uma semana, para ver se consegue voltar para o canal de televisão.
A atriz teria conversado diretamente com novelista Glória Perez sobre a possibilidade de ser escalada para a próxima novela da autora.
Está previsto para Glória assumir o horário nobre das novelas em 2021. Os planos eram que a trama fosse ao ar no primeiro semestre do ano que vem, mas após as paralisações das gravações, a novela não tem previsão para estrear.
A autora ainda está escrevendo a obra e ainda não batizou a trama. Porém, Regina Duarte já manifestou interesse em fazer parte do elenco, que ainda não foi escalado.
Regina Duarte teve uma passagem desastrosa pela Secretaria de Cultura e foi defenestrada pelo governo Bolsonaro, após uma campanha movida por setores mais extremistas do bolsonarismo. Apesar do episódio, a atriz saiu elogiando o presidente Bolsonaro e foi designada para cuidar da Cinemateca, em São Paulo, cargo que acabou não assumindo.
No período de convivência com Bolsonaro, colegas da atriz chegaram a levantar a hipótese de que Regina Duarte poderia estar apaixonada pelo presidente. O diretor Daniel Filho, ex-marido de Regina Duarte, chegou a comentar sobre essa possibilidade.
*Com informações do UOL-TV Famosos
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.