Estudo da ONG internacional Oxfam afirma nesta segunda-feira (27) que o patrimônio dos bilionários brasileiros aumentou US$ 34 bilhões (cerca de R$ 176 bilhões) durante a pandemia de coronavírus.
Os ricos ficaram mais ricos durante a pandemia, entre 18 de março e 12 de julho. Nesse período, segundo o levantamento, o patrimônio dos 42 bilionários do Brasil passou de US$ 123,1 bilhões para US$ 157,1 bilhões. Os dados compilados pela Oxfam foram extraídos da lista dos mais ricos da Forbes.
Os super-ricos também se deram bem nos demais países da América Latina e do Caribe, segundo o estudo. Eles aumentaram as suas fortunas em US$ 48,2 bilhões entre março e julho deste ano. De acordo com a Oxfam, esse valor equivale a um terço do total de recursos previstos em pacotes de estímulos econômicos adotados por todos os países da região.
Para a diretora executiva da Oxfam, Katia Maia, a Covid-19 não é igual para todos. “Enquanto a maioria da população se arrisca a ser contaminada para não perder emprego ou para comprar o alimento da sua família no dia seguinte, os bilionários não têm com o que se preocupar”, disse.
A Oxfam relata que desde o início das medidas de distanciamento social adotadas para evitar a proliferação coronavírus, oito novos bilionários surgiram na região – um a cada duas semanas.
Em paralelo com o aumento da quantidade de bilionários na América Latina e no Caribe, o número de desempregados também cresce. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) já apurou que a pandemia de coronavírus deixou 41 milhões de desempregados na região. Já o Banco Mundial estima que 50 milhões de latino-americanos cairão abaixo da linha da pobreza este ano.
No documento divulgado nesta segunda, batizado de “Quem Paga a Conta? – Taxar a Riqueza para Enfrentar a Crise da Covid na América Latina e Caribe”, a Oxfam propõe que os bilionários paguem impostos extraordinários e que o sistema tributário se torne mais progressivo.
O que é a Oxfam
A Oxfam International é uma confederação de 19 organizações e mais de 3000 parceiros, que atua em mais de 90 países na busca de soluções para o problema da pobreza, desigualdade e da injustiça, por meio de campanhas, programas de desenvolvimento e ações emergenciais.
Veja a lista dos 10 bilionários brasileiros, segundo a Forbes:
- Joseph Safra
- Jorge Paulo Lemann
- Marcel Hermann Telles
- Carlos Alberto
- Eduardo Saverin
- Alexandre Behring
- Luciano Hang (Véio da Havan)
- Pedro de Godoy Bueno
- Camilla de Godoy Bueno Grossi
- Franco Bittar Garcia
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Globo e Folha “esquecem” o genocídio de Bolsonaro para salvar a “Pauta Guedes”
A concertação entre a velha mídia e o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), avalizado pelo Centrão, pode ser medida pela manchete do Globo neste domingo (26): “Ninguém aguenta briga todo dia”. A frase foi atribuída ao ministro das Comunicações, Fábio Faria, mas também poderia ser escrita pelo editorialista dos Marinho, que recentemente propunha uma frente até com o “Coiso”.
No vocabulário da Globo, Folha, Veja, Estadão, etc., não existe mais espaço para o verbete “Genocídio” na acusação contra Bolsonaro porque –como anotou o ex-ministro Roberto Amaral, colunista do Blog do Esmael– o objetivo é, com o salvamento do presidente, salvar a “Pauta Guedes”. Ou seja, preservar os privilégios dos bancos e especuladores que seguem faturando alto com a pandemia de coronavírus.
Para que a história não esqueça, nós fomos à Wikipédia para buscar uma explicação para a palavra “genocídio” –verbete agora proibido nas redações dos jornalões.
“Genocídio é o extermínio deliberado de pessoas motivado por diferenças étnicas, nacionais, raciais, religiosas e, por vezes, sociopolíticas (ver: engenharia social).”
Ainda de acordo com a Wikipédia, o objetivo final do genocídio é o extermínio de todos os indivíduos integrantes de um mesmo grupo humano específico. No caso específico, na pandemia, as vítimas têm sido os pretos e os pobres.
“Existe controvérsia entre vários estudiosos, quanto ao fato de se designar ou não como genocídio os assassinatos em massa por motivos políticos. O genocídio é um tipo de limpeza étnica”, pondera a página.
Há duas semanas, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que o Exército Brasileiro estaria se associando a um genocídio, ao se reportar à maneira como o presidente Jair Bolsonaro se comporta frente à pandemia do novo coronavírus. Como resposta, o Ministério da Defesa pediu abertura de um inquérito contra o magistrado com base na Lei de Segurança Nacional (LSN), um entulho da ditadura que já faz ‘hora extra’ no âmbito do Estado Democrático de Direito.
Quanto à velha mídia, que passa o pano para Bolsonaro, ora, está cuidando de seus próprios interesses econômicos. Que se dane o povo brasileiro, pois.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.