A médica Nise YamaguChi, também conhecida como Doutora Cloroquina, foi afastada do Hospital Albert Einstein em São Paulo.
Ela defende o uso da Cloroquina para tratamento da Covid-19 e muita gente simpática ao bolsonarismo inferiu erroneamente que esse fosse o motivo do seu afastamento. Mas não foi.
O real motivo foi uma fala infeliz da médica. Ela disse: “Você acha que alguns poucos militares nazistas conseguiriam controlar aquela MASSA DE REBANHO de judeus famintos se não os submetessem diariamente a humilhações, humilhações, humilhações…”.
Veja o que escreveu o jornalista Leandro Demori:
“As pessoas ligadas ao bolsonarismo só têm duas analogias no repertório: judeus ou sexo. Agora foi a vez da Ms. Cloroquina.”
As pessoas ligadas ao bolsonarismo só têm duas analogias no repertório: judeus ou sexo. Agora foi a vez da Ms. Cloroquina. pic.twitter.com/KwREEvZq8C
— Leandro Demori (@demori) July 11, 2020
A seguir, reproduzimos uma nota do Hospital explicando o incidente:
ALBERT EINSTEIN
SOCIEDADE BENEFICENTE ISRAELITA BRASILEIRA
Nota à imprensa
São Paulo, 11 de julho de 2020 — Com relação a declarações prestadas pela Dra. Nise Yamagushi, o Hospital Israelita Albert Einstein tem a esclarecer o seguinte:
1. O hospital respeita a autonomia inerente ao exercício profissional de todos os médicos, jamais permitindo restrições ou imposições que possam impedir a sua liberdade ou possam prejudicar a eficiência e a correção de seu trabalho.
2. A Dra. Nise Yamagushi faz parte do corpo clínico do Hospital, sendo admissível que perfilhe entendimento próprio com relação ao atendimento de seus pacientes ou à sua postura em face da pandemia ora combatida, desde que observe as regras relacionadas ao uso da sua rendição de integrante do Corpo Clínico em sua comunicação.
3. Trata-se, contudo, de hospital israelita e a Dra. Nise Yamagushi, em entrevista recente, estabeleceu analogia infeliz e infundada entre o pânico provocado pela pandemia e a postura de vítimas do holocausto ao declarar que “você acha que alguns poucos militares nazistas conseguiriam controlar aquela MASSA DE REBANHO de judeus famintos se não os submetessem diariamente a humilhações, humilhações, humilhações…”.
4. Como se trata de manifestação insólita, o hospital houve por bem averiguar se houve mero despropósito destituído de intuito ofensivo ou manifestação de desapreço motivada por algum conflito. Durante essa averiguação, que deve ser breve, o hospital não esperava que o fato viesse a público.
A expectativa do hospital é a de que o incidente tenha a melhor e mais célere resolução, de modo a arredar dúvidas e remover desconfortos.
HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN
A deputada Janaina Paschoal foi uma das pessoas que se apressou a julgar a postura do hospital sem saber dos fatos. Ela foi “esclarecida” pela jornalista Mônica Bergamo.
Confira abaixo:
Atenção: hospital Albert Einstein esclarece q Nise Yamagushi NÃO foi afastada por causa da hidroxicloroquina, mas sim por dizer que nazistas “conseguiram controlar aquela MASSA DE REBANHO de judeus famintos”. O hospital, q é israelita, considerou a manifestação insólita. https://t.co/taLtR2Nmj5
— Mônica Bergamo (@monicabergamo) July 11, 2020
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Parece que a Doutora Nise, assim como Osmar Terra, é candidata ao ministério da Saúde. Os dois são mais bolsonaristas que o próprio Bolsonaro. Como diz o ditado: “Quando a esmola é demais, até o santo desconfia.”
Países latino-americanos serão os primeiros a receber medicamento russo contra a Covid-19
O Brasil e outros países da América Latina serão os primeiros a receber o medicamento russo contra a Covid-19 chamado Avifavir, conforme anunciado por Kiril Dmítriyev, diretor do Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF).
“Recebemos uma solicitação de mais de 50 países e, é claro, nossa prioridade são os países em que o número de infecções por coronavírus está aumentando consideravelmente. Esse é o caso do Brasil e muitos outros países da América Latina”, disse Dmítriyev em entrevista ao canal Rossiya 1.
Ele acrescentou que “muitos países agora carecem de medicamentos antivirais” e a Rússia pode “atender a essa necessidade”.
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O avifavir foi usado com sucesso no tratamento de mais de 30.000 pacientes em 51 regiões da Rússia, de acordo com as autoridades de saúde russas. O medicamento foi oficialmente apresentado nesta sexta-feira (10) para a América Latina e o Caribe pela Embaixada da Rússia na Guatemala juntamente com o RDIF.
No final de maio, o Avifavir recebeu um certificado de registro do Ministério da Saúde da Rússia e se tornou o primeiro medicamento SARS-CoV-2 do mundo a conter o ingrediente ativo favipiravir. Em 3 de junho, o medicamento foi incluído na lista oficial de diretrizes para prevenção, diagnóstico e tratamento da covid-19 no país.
O Ministério da Indústria e Comércio da Rússia já recebeu pedidos de fornecimento de Avifavir de países da Comunidade dos Estados Independentes (CEI), América Latina, Europa e Sudeste Asiático.
A informação é do RT, canal de televisão estatal russo.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.