Lula prepara nova ofensiva contra Moro nos tribunais

O ex-presidente Lula pode ganhar ‘velocidade de cruzeiro’ nos próximos dias em virtude de novos eventos ocorridos no âmbito da Lava jato.

O primeiro diz respeito ao vazamento de mensagens, em reportagem da A Pública, sobre a relação promíscua entre a força-tarefa de Curitiba e o FBI –a polícia federal dos Estados Unidos.

A defesa do petista vê ilegalidades na cooperação “informal” dos EUA para construir casos no Brasil, usar o FCPA (Foreign Corrupt Practices Act) ou, em português, Lei de Práticas de Corrupção no Exterior, para “entrar” em empresas brasileiras.

Desde 2016, o advogado Cristiano Zanin Martins tem alertado sobre a possibilidade de empresas brasileiras serem submetidas a litígios decisivos (bet-the-company) com base na legislação FCPA, dos EUA.

Pior: o ex-presidente Lula, embora julgado aqui, pessoas também foi submetido à condenação com base em leis americanas, haja vista que o petista ficou 580 dias preso mesmo sem prova do suposto ilícito cometido.

A segunda parte da ofensiva tem relação com advogado Carlos Zucolotto Junior, amigo e compadre do ex-juiz Sergio Moro, que contratou o advogado curitibano René Ariel Dotti para defendê-lo da PGR (Procuradoria-Geral da República). O órgão reabriu a delação do advogado Rodrigo Tacla Duran, autoexilado na Espanha.

Economia

Dotti foi assistente de acusação da Lava Jato contra o ex-presidente Lula. A tese da força-tarefa era que a reforma do tríplex de Guarujá (SP) fora propina da Petrobras. O advogado curitibano foi contratado pela estatal para acusar o petista.

Por outro lado, Tacla Duran era advogado da empreiteira Odebrecht –também polo passivo nas ações da Lava Jato cuja vítima seria a Petrobras.

Para a defesa de Lula, a presença de Rene Dotti na defesa do compadre de Moro reforça a suspeição do ex-juiz da Lava Jato, isto é, corroboraria a tese da nulidade da condenação de 8 anos e 10 meses.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que havia pedido vista, irá colocar a suspeição de Moro na pauta de julgamento em setembro próximo.

Por fim, no front externo, move uma investigação privada contra o ex-juiz Sérgio Moro na Suíça. Investigadores internacionais descobriram “linguiça debaixo da farofa” do ex-todo-poderoso da Lava Jato.

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Nassif anuncia dossiê sobre o passado de Sergio Moro

Publicado em 1 julho, 2020

 

O veterano jornalista Luis Nassif, do Jornal GGN, anunciou a confecção de um dossiê definitivo sobre o passado do ex-juiz Sérgio Moro.

“Do Banestado à Lava Jato: um dossiê sobre o passado de Sergio Moro”, anunciou o site.

De acordo com Luis Nassif, ele e sua equipe do GGN irão recontar a história de um cidadão acima de qualquer suspeita.

“A pedido de leitores, o GGN lança mais uma campanha de financiamento coletivo (crowdfunding) e pede sua colaboração para revisitar a história de um cidadão acima de qualquer suspeitas”, diz o anúncio.

A equipe conduzida pelo jornalista Luis Nassif vai investigar e expor a trajetória de Sergio Moro desde sua atuação nas famigeradas contas CC5 do Banestado, na Lava Jato, seu papel na eleição de 2018, e sua passagem pelo Ministério a Justiça.

Nassif explica que a proposta é publicar uma série de reportagens especiais e um vídeo no YouTube para arrematar os principais fatos de forma didática.

Caso o leitor queira participar do projeto, basta clicar aqui.

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Bomba: reportagem mostra que Lava Jato recebia instruções dos Estados Unidos

Publicado em 1 julho, 2020

A Agência Pública e o site The Intercept Brasil, em nova reportagem especial, mostram como a força-tarefa Lava Jato se transformou num braço policial do FBI (Federal Bureau of Investigation) –a polícia federal americana– ao arrepio da Constituição Federal do Brasil.

Pela lei, nenhum agente americano pode fazer diligências ou investigações em solo brasileiro sem ter autorização expressa do Ministério da Justiça, pois as polícias não têm jurisdição fora dos seus países de origem”, escrevem os repórteres.

“Intercept” e “Pública” se escoram em mensagens originais obtidas pelo site do jornalista americano Glenn Greenwald, responsável pela série ‘Vaza Jato’, que há um ano denunciou o conluio existente entre o Ministério Público Federal (MPF) do Paraná e o então juiz Sérgio Moro. O sistema acusatório penal brasileiro, previsto na Constituição, veda o conluio entre acusação e julgador.

O ex-senador Roberto Requião (MDB-PR), nesta terça-feira (30), sem exageros, sugeriu que Augusto Aras, da Procuradoria-Geral da República (PGR), fosse aos Estados Unidos em busca de informações sobre a Lava Jato. “Vá à fonte, no Departamento de Estado”, orientou o ex-senador paranaense, diante da negativa da força-tarefa de Curitiba.

“Simples, a lava jato não quer partilhar com a PGR dados que generosamente partilhou com os Estados Unidos?”, questionou o emedebista.

Assista ao vídeo:

Segundo a reportagem da Pública, que poder ser lida na íntegra aqui, além da agente especial Leslie R. Backschies outros 12 nomes de agentes do FBI atuaram nos casos da Lava Jato em solo brasileiro.

O ponto máximo do texto é quando Deltan Dallagnol, numa mensagem, se entusiasma e se compara ao astro de Hollywood Tom Cruise no filme Missão Impossível. Ele falava com a procuradora Thaméa Danelon, de São Paulo, sobre uma foto com Leslie.