Lula é inocente, reconhece Justiça

O ex-presidente Lula comemorou a decisão do judiciário que reconheceu a inocência dele e do ex-governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, acerca do caso conhecido como “quadrilhão”.

“O reconhecimento da inocência do companheiro Pimentel, assim como minha absolvição no caso do “quadrilhão”, demonstra que uma parte do Ministério Público está se transformando em uma quadrilha de assassinar reputações, acusando pessoas inocentes e honestas sem uma única prova”, disse Lula.

A Justiça Federal arquivou na terça-feira (28) o inquérito sobre o ex-governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, atendendo pedido do Ministério Público Federal, que não viu provas suficientes. O ex-presidente Lula também era réu no mesmo processo que foi arquivado.

A denúncia contra Pimentel foi arquivada após quatro anos de investigações. Sem provas, a ação foi usada durante esse período para atacar a imagem do governador Pimental, especialmente durante o período eleitoral.

O procurador que solicitou o arquivamento afirmou que não houve elementos objetivos para corroborar as hipóteses com as quais se trabalhava, não tendo se caracterizado nada de ilícito.

Economia

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Fernando Morais anuncia encerramento do blog Nocaute

Da Revista Fórum – O jornalista e escritor Fernando Morais, que tem uma vasta obra literária e jornalística, anunciou nesta quinta-feira (30) o encerramento de seu blogue Nocaute, projeto que nasceu em outubro de 2016.

“O dinheiro era pouco e se acabou. Conseguimos sobreviver mais de três anos, sempre com a corda no pescoço. Temos repetido aqui o bordão de que ‘Tempos perigosos exigem jornalismo corajoso’. Mas fazer jornalismo e corajoso e independente tem um custo”, escreveu, informando ainda que o fim do blogue se dará nesta sexta-feira (31).

Segundo o jornalista, as contribuições de leitores foram a principal base de sustentação do blogue nos últimos anos, mas a perda de “poucos anúncios” que recebia tornou “impossível organizar um orçamento mínimo”.

“Nos últimos meses vivemos sem saber se haveria recursos para bancar os gastos do mês seguinte”, lamentou Morais.

O escritor, no entanto, garantiu que não “jogará a toalha ou abandonará as bandeiras que nos uniram durante quase quatro anos: a luta pela democracia, pelos direitos dos trabalhadores, pela soberania nacional, pela regulação da mídia eletrônica e por uma sociedade em que a riqueza seja de todos, não de uma minoria”.

“Voltaremos, não tenha dúvidas”, pontuou.

Fernando Morais é autor de livros e biografias famosas como A Ilha, Olga, Chatô, o Rei do Brasil, entre outros.

Confira a íntegra do texto de despedida do blogue Nocaute.

Minhas queridas e meus queridos:

Infelizmente, sou portador de más notícias.

O Nocaute está encerrando suas atividades, o que acontecerá amanhã, sexta-feira, logo após a exibição do quarto e último episódio da minissérie Entrevistas com Putin, dirigida por Oliver Stone.

O dinheiro era pouco e se acabou. Conseguimos sobreviver mais de três anos, sempre com a corda no pescoço.

Temos repetido aqui o bordão de que “Tempos perigosos exigem jornalismo corajoso”. Mas fazer jornalismo e corajoso e independente tem um custo.

As contribuições que recebemos regularmente de centenas de amigas e amigos do Brasil e do exterior foram a viga de sustentação do blog, mas as vacas emagreceram para todos.

A perda dos poucos anúncios que recebíamos e a queda na arrecadação tornaram impossível organizar um orçamento mínimo.

Nos últimos meses vivemos sem saber se haveria recursos para bancar os gastos do mês seguinte.

As receitas tornaram-se cada dia mais insuficientes. O aluguel da salinha, os impostos, o custo extorsivo da Internet e a esquálida folha de pagamento – a equipe inteira cabe nos dedos de uma das mãos – sugaram tudo.

Apesar de navegar contra o vento e a maré, demos furos jornalísticos nacionais e internacionais. Nosso canal no Youtube beira os 110 mil inscritos, com mais de 15 milhões de visualizações. Exibimos quase 2 milhões de horas em programação criada para você.

Juntamos um dos mais brilhantes times de colunistas e colaboradores da imprensa.

Mês a mês nosso blog alcança mais de 400 mil pessoas. Não é pouco, especialmente num país que em os três principais jornais diários, somados, não chegam a 300 mil exemplares.

Nenhum de nós jogará a toalha ou abandonará as bandeiras que nos uniram durante quase quatro anos: a luta pela democracia, pelos direitos dos trabalhadores, pela soberania nacional, pela regulação da mídia eletrônica e por uma sociedade em que a riqueza seja de todos, não de uma minoria.

Nossa eterna gratidão é a você. Sem cuja colaboração generosa não teríamos chegado tão longe.

Mas voltaremos, não tenha dúvidas.

Em meu nome e no da equipe, receba o abraço inoxidável deste seu companheiro de sonhos e de esperanças.

Até a volta.

Carta de 1.058 padres reforça críticas da Igreja Católica a Bolsonaro

Um grupo de 1.058 padres brasileiros assinaram um manifesto, divulgado nesta quinta-feira (30), em apoio a uma carta de 152 bispos e arcebispos da Igreja Católica com duras críticas ao governo Bolsonaro.

A carta dos bispos estava retida para análise pela CNBB mas acabou vazando para a imprensa. Agora, com o apoio dos padres, a ala conservadora da Igreja Católica fica enfraquecida.

O grupo de 1058 padres se intitula “Padres da Caminhada” ou “Padres contra o Fascismo”. Eles manifestam apoio à carta dos bispos e arcebispos que aponta uma crise sem precedentes na saúde dos brasileiros, junto ao colapso da economia.

Segundo os padres, o governo tem o dever de agir em favor do povo, em especial dos mais pobres, mas não é isso que esse governo está fazendo. Para eles, o governo Bolsonaro tem em seu centro “uma economia que mata”.

Leia a íntegra a carta dos 1058 padres:

“CAMINHAMOS NA ESTRADA DE JESUS”

CARTA DE PADRES EM APOIO E ADESÃO AOS BISPOS SIGNATÁRIOS DA CARTA AO POVO DE DEUS

“Enquanto os lucros de poucos crescem exponencialmente, os da maioria situam-se cada vez mais longe do bem-estar daquela minoria feliz. Tal desequilíbrio provém de ideologias que defendem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira. Às vezes, sentimos a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor. Mas Jesus quer que toquemos a miséria humana, que toquemos a carne sofredora dos outros” (EG 56 e 270).

Nós, “Padres da Caminhada”, “Padres contra o Fascismo”, diáconos permanentes e tantos outros padres irmãos, empenhados em diversas partes do Brasil a serviço do Evangelho e do Reino de Deus, manifestamos nosso agradecimento e apoio aos bispos pela Carta ao Povo de Deus. Afirmamos que ela representa nossos pensamentos e sentimentos. Consideramos um documento profético de uma parcela significativa dos Bispos da Igreja Católica no Brasil, “em profunda comunhão com o Papa Francisco e seu magistério e em comunhão plena com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil”, oferecendo ao Povo de Deus luzes para o discernimento dos sinais nestes tempos tão difíceis da história do nosso País.

O documento é uma leitura lúcida e corajosa da realidade atual à luz da fé. É a confirmação da missão e do desafio permanente para a Igreja: tornar o Reino de Deus presente no mundo, anunciando esperança e denunciando tudo o que está destruindo a esperança de uma vida melhor para o povo. É como uma grande tempestade que se abate sobre o nosso País.

Os bispos alertam para o perigo de que “a causa dessa tempestade é a combinação de uma crise de saúde sem precedentes, com um avassalador colapso da economia e com a tensão que se abate sobre os fundamentos da República”, principalmente impulsionado pelo Presidente. Sentimo-nos também interpelados por essa realidade a darmos nossa palavra de presbíteros comprometidos no seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.

O Evangelho ilumina nossa caminhada e vamos aprofundando nosso compromisso na Igreja, sinal e instrumento do Reino, a serviço da vida e da esperança. Cada vez mais vemos a vida do povo sendo ameaçada e seus sofrimentos, principalmente dos pobres, vulneráveis e minorias. Tal realidade faz com que nossos corações ardam, nossos braços lutem e nossa voz grite pelas mudanças necessárias. Como recordam os Bispos, nós não somos motivados por “interesses político-partidários, econômicos, ideológicos ou de qualquer outra natureza. Nosso único interesse é o Reino de Deus”.

Os bispos muito bem expressaram em sua carta, recordando o Santo Padre, o Papa Francisco, que “a proposta do Evangelho não consiste só numa relação pessoal com Deus. A nossa reposta de amor não deveria ser entendida como uma mera soma de pequenos gestos pessoais a favor de alguns indivíduos necessitados […], uma série de ações destinadas apenas a tranquilizar a própria consciência. A proposta é o Reino de Deus […] (Lc 4,43 e Mt 6,33) (EG. 180)”.

Sabemos que os que nos governam têm o dever de agir em favor de toda a população, de maneira especial, os mais pobres. Não tem sido esse o projeto do atual Governo, que “não coloca no centro a pessoa humana e o bem de todos, mas a defesa intransigente dos interesses de uma “economia que mata” (Alegria do Evangelho, 53), centrada no mercado e no lucro a qualquer preço”. Por isso, também estamos profundamente indignados com ações do Presidente da República em desfavor e com desdém para com a vida de seres humanos e também com a da “nossa irmã, a Mãe Terra”, e tantas ações que vão contra a vida do povo e a soberania do Brasil. É urgente a reconstrução das relações sociais, pois “este cenário de perigosos impasses, que colocam nosso País à prova, exige de suas instituições, líderes e organizações civis muito mais diálogo do que discursos ideológicos fechados. […] Essa realidade não comporta indiferença.”.

A CNBB tem se pronunciado de forma contundente em momentos recentes; em posicionamento do dia 30 de abril, manifestou perplexidade e indignação com descaso no combate ao novo coronavírus e por eventos atentatórios à ordem constitucional. Em outro momento, os 67 bispos da Amazônia publicaram outro documento, expressando imensa preocupação e exigindo maior atenção e cuidado do poder público em relação à Amazônia e aos povos originários.

Na carta aberta ao Congresso Nacional do dia 13 de julho de 2020 a CNBB denunciou os 16 vetos do Presidente da República ao Plano Emergencial para Enfrentamento à Covid-19 nos Territórios Indígenas, comunidades quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais (PL nº PL 1142/2020, agora Lei nº 14.021) dizendo: “Esses vetos são eticamente injustificáveis e desumanos pois negam direitos e garantias fundamentais à vida dos povos tradicionais”. Outras Comissões da CNBB assumiram decididamente o lado dos povos tradicionais do Brasil “duplamente vulneráveis: ao contágio do coronavírus e à constante ameaça de expulsão de seus territórios”.

Nesse tempo de “tempestade perfeita”, a voz do Espírito ressoa em posicionamentos corajosos da Igreja, que renova a cada dia seu compromisso “na construção de uma sociedade estruturalmente justa, fraterna e solidária”, como indicam os bispos em sua carta. Reafirmamos nosso compromisso na defesa e no cuidado com a vida.

Ao convite dos bispos queremos dar nosso sim! “Somos convocados a apresentar propostas e pactos objetivos, com vistas à superação dos grandes desafios, em favor da vida, principalmente dos segmentos mais vulneráveis e excluídos, nesta sociedade estruturalmente desigual, injusta e violenta.”

Queremos nos empenhar para cuidar deste País enfermo! Nós nos solidarizamos com todas as famílias que perderam alguém por essa doença que ceifa vidas e aterroriza a todos. Próximos de atingir 100 mil mortos nesta pandemia, é inadmissível que não haja neste governo um Ministro da Saúde, que possa conduzir as políticas de combate ao novo coronavírus.

Conclamamos todos os cristãos e cristãs, as igrejas e comunidades, e todas as pessoas de boa vontade para que renovem, junto com os bispos, a opção pelo Evangelho e pela promoção da vida, espalhando as sementes do Reino de Deus.

Nós, “Padres da Caminhada”, “Padres contra o Fascismo”, diáconos permanentes e tantos outros padres irmãos, reafirmamos com alegria, ânimo e esperança a fidelidade à missão a nós confiada e apoiamos os bispos signatários da Carta ao Povo de Deus e em sintonia com a CNBB em sua missão de testemunhar e fortalecer a colegialidade.

29 de julho de 2020

Festa de Santa Marta