O ministro do Interior boliviano, Arturo Murillo, anunciou nesta segunda-feira (13) que o governo interino de Jeanine Áñez vai expropriar hospitais e cemitérios privados em diferentes regiões do país para tentar evitar o colapso dos serviços médicos e funerários durante pandemia do novo coronavírus.
De acordo com Murillo, inicialmente a medida afetará o centro de saúde Univalle, na cidade de Cochabamba, com capacidade para 120 leitos e 20 unidades de terapia intensiva, e o Udabol, localizado em Santa Cruz, com 400 leitos e 100 vagas para tratamento intensivo.
“Vamos iniciar as negociações, certamente cairá como um balde de água fria para os proprietários, mas não se trata de tirar nada de ninguém. Se for desapropriado, será dado um preço justo”, disse o ministro, que está no cargo desde o golpe de estado contra o ex-presidente Evo Morales.
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Em relação aos cemitérios, uma ação semelhante é considerada no caso de os espaços públicos ficarem saturados devido ao aumento de mortes pela Covid-19. “Não permitiremos que nosso povo não tenha lugar para ser enterrado”, garantiu.
A Confederação Boliviana de Empresários Privados (CEPB) divulgou uma nota rechaçando o anuncio de Murillo.
“Instamos o governo a que, se forem necessárias ações e recursos maiores para enfrentar a crise da saúde, privilegie o diálogo e a coordenação com atores diretos, desconsiderando avisos e ações unilaterais, que podem gerar mais incerteza no setor privado e até afetar direitos protegidos pela Constituição e pelas normas em vigor ”, afirmou a entidade.
@CEPB_Bolivia rechazó hoy el anuncio del Ministro de Gobierno, Arturo Murillo; quien esta mañana informó que se iniciarán procesos de expropiación o intervención del Hospital Udabol de Santa Cruz y del hospital Univalle de Cochabamba. ? https://t.co/9KhysQvt4j pic.twitter.com/XCda8578Qq
— CEPB (@CEPB_Bolivia) July 14, 2020
“Nós não somos o MAS”
Diante da controvérsia gerada, o próprio Murillo atenuou suas afirmações: “Possivelmente a questão da expropriação a um preço justo não foi bem compreendida. Se não foi bem entendida, nós a corrigiremos. Não somos o MAS [partido liderado por Morales], não somos loucos, mas realmente nos preocupamos com os pobres, os mais necessitados, porque os ricos não têm problemas “, disse em entrevista à Unitel.
O ministro também afirmou na entrevista que o governo está disposto a produzir “acordos que devem ser gerados [com o setor privado] para salvar vidas”.
Até esta terça-feira (14), a Bolívia registra 49.520 casos confirmados de Covid-19 e 1.866 mortes, segundo o Ministério da Saúde boliviano.
Com informações do RT en Español
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.