CNJ arquiva reclamação contra presidente do STJ que concedeu prisão domiciliar a Queiroz

O corregedor Nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, arquivou nesta sexta-feira (17) uma reclamação disciplinar contra o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha.

A reclamação foi apresentada pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania) após o presidente do STJ colocar em prisão domiciliar Fabrício Queiroz e a mulher dele, Márcia Aguiar. Ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o congressista afirmou que as particularidades do caso levantam dúvidas sobre decisão de Noronha.

“Ocorre que as peculiaridades da decisão proferida pelo Presidente de uma Corte Superior, em um momento de absoluta excepcionalidade vivido pelo país e pelo mundo, suscita legítimas e objetivas dúvidas sobre o proceder do reclamado”, escreveu o senador.

Vieira destacou também o ineditismo da concessão de prisão domiciliar para Márcia, que estava foragida.

“Reveste-se de inequívoca gravidade o ineditismo da extensão de uma decisão favorável ao cônjuge foragido em virtude da pretensa necessidade de prestar auxílio ao seu marido. Absolutamente desprovida de amparo legal ou jurisprudencial”, argumentou o senador.

Ao arquivar o pedido, o ministro Humberto Martins afirmou que não viu desvio de conduta por parte de Noronha e destacou o CNJ não tem competência para avaliar decisão judicial.

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“Não é competência do Conselho Nacional de Justiça apreciar matéria de cunho judicial e sim, de natureza administrativa e disciplinar da magistratura. No caso concreto, em que houve decisão proferida em plantão judiciário do STJ pelo presidente do Tribunal da Cidadania, somente cabe recurso para o Supremo Tribunal Federal”, disse o corregedor nacional em sua decisão.

Operador do “esquema da rachadinha” que havia no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) quando ele era deputado estadual no Rio de Janeiro, Queiroz foi preso no dia 18 de junho em Atibaia (SP). Ele foi localizado na casa de Frederick Wassef, então advogado da família Bolsonaro.

Ao ter o pedido de prisão domiciliar atendido, Queiroz deixou o presídio na noite de 10 de junho. A esposa dele, Márcia de Aguiar, estava foragida e também foi beneficiada pela decisão do presidente do STJ.

Atualmente, Queiroz e Márcia estão com tornozeleiras eletrônicas e cumprem prisão domiciliar juntos.

Com informações do G1.