Marginais irão às ruas domingo, diz Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro chamou de “marginais” os movimentos “antifas” que irão às ruas neste domingo (7) em várias partes do País.
O presidente utilizou o Assessor Especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Felipe G. Martins, como biombo para ideologizar a transmissão.

“Domingo agora, não participe do movimento, fique em casa”, recomendou Bolsonaro. “Deixem eles sozinhos”, disse.

O presidente chamou várias vezes os manifestantes de domingo de “marginais”.

“Esses marginais de preto –de coquetel molotov, soco inglês, etc. – quebram coisas”, criminalizou Bolsonaro.

O assessor Felipe Martins, demonstrando total desconhecimento da história, tentou ensinar ao cheque o que era “fascismo”.

“O senhor faz um governo antifascismo”, puxou o saco. “Fascismo quer estado grande, diferente do senhor”, afirmou. Na visão do assessor presidencial, os “Antifas” são terroristas.

Economia

“Não compareça nesse movimento, bando de marginais, não tem nada a oferecer. Querem o confronto. Em Curitiba teve quebra-quebra, na verdade black blocs, queimaram a bandeira”, disse Jair Bolsonaro, citando o lutador Wanderlei Silva que liderou uma manifestação contra a esquerda na capital paranaense.

No final da transmissão, mais uma vez, Bolsonaro implorou para que os brasileiros não saiam às ruas no domingo.

“Mais uma vez, não compareça domingo [na manifestação]. Esse pessoal, Antifas, novo nome dos black blocs querem roubar a sua liberdade”, insistiu.

O que é antifa

O movimento Antifa é uma conglomeração de grupos de esquerda. A principal característica dos grupos antifa é a sua oposição ao fascismo por quaisquer meios necessários. Eles atuam com táticas de militância em protestos expondo identidades de nazistas e fascistas e realizam manifestações contra a extrema-direita.

Assista ao vídeo da live de Bolsonaro:

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Lula: ‘Bolsonaro neste governo é o bobo da corte. Quem governa é o Guedes’

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está aberto ao diálogo e à construção de um novo caminho para o país, que já não suporta mais os ataques e o despreparo do presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista ao site ‘Metrópoles’, de Brasília, Lula declarou que as pessoas precisam entender que o problema hoje do país é também a agenda econômica, além dos ataques à democracia.

E apontou que nem mesmo Bolsonaro manda no governo, mas o ministro da Economia, Paulo Guedes. É o economista quem administra o país, cumprindo uma agenda voltada para os interesses do andar de cima e que tira direitos do povo e dos trabalhadores. “O Bolsonaro neste governo é o bobo da corte”, opina o petista. “Quem governa e faz as coisas é o Guedes. Ele é quem tem dado as regras, é quem vende as empresas, é quem corta salários e corta direitos”.

Lula fez questão de esclarecer que não se opõe às movimentações de setores da sociedade civil que estão insatisfeitos com os ataques de Bolsonaro à democracia e às instituições do país – o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional. Mas fez questão de pontuar que, no caso do documento assinado por artistas, intelectuais e outras personalidades da vida pública nacional, ele sequer foi procurado a aderir. E esclareceu que fez uma crítica pontual, porque considera que falta ao manifesto um foco político e econômico.

“No caso desse manifesto [do ‘Juntos’], eu não fui procurado. Eu li o manifesto, mas percebi que ele não falava do Bolsonaro e não falava do impeachment. Nem falava de política econômica”, lamenta o ex-presidente. “Falava de maneira muito genérica de defesa da democracia. Eu reconheço que tem gente maravilhosa que assinou esse manifesto. O que acho engraçado é que ganhou mais importância o manifesto por eu não tê-lo assinado do que se eu tivesse assinado”, ironizou.

“Eu quero tirar o Bolsonaro e fazer as eleições diretas para escolher um candidato a presidente e que seja eleito com um programa”, esclareceu. “E estou muito à vontade para fazer isso porque eu estou inelegível. Eu não quero ser candidato [a presidente da República]. O que eu não quero é ser massa de manobra. É isso”. Lula brincou que o cara mais palatável do PT é ele próprio. “Fui durante muito tempo Lulinha Paz & Amor. Não tem ninguém mais compreensível do que eu na arte de fazer política”.

Impeachment como saída com eleições
O ex-presidente rechaça a tese de que o PT está isolado, como apontam alguns colunistas da imprensa e adversários políticos. “O PT deu entrada no pedido de impeachment [de Bolsonaro, na Câmara], com sete partidos políticos”, lembrou. “O pedido tem a assinatura de petistas e mais 58 juristas e mais de 400 organizações da sociedade civil”. Ele disse que o impeachment é a saída para a crise, mas que alguns dos que apoiam agora movimentos da sociedade civil votaram em Bolsonaro em 2018 e não sinalizam que apoiam a saída do presidente da República.

“[Na eleição de 2018], todo mundo sabia quem ele [Bolsonaro] era. Todo mundo sabia que ele era um ogro, o que tinha feito quando estava no Exército, quando era vereador e como deputado – e o que ele não fez”, destacou. “Todo mundo sabia que ele não gostava de feminista, não gostava de LGBT, não gostava de negro, de índio, nem de quilombola, nem trabalhador ou de sindicato. Ele dizia que não gostava de política”, listou Lula.

“Essa gente teve o [Fernando] Haddad disputando com ele [Bolsonaro] o segundo turno e muitos deles, que agora tão pintando de democrata, não viam diferença no Haddad e no Bolsonaro”, lembrou o petista. Lula não vê problema no fato de o próprio ex-candidato do PT em 2018 ter assinado o manifesto do ‘Juntos’. “Cada um assina o que quiser”, disse. “Mas é um direito de quem não assinou ter tanta importância quanto quem assinou”.

País sem governo
O ex-presidente da República acusa Bolsonaro de não saber como conduzir o Brasil e alerta que a situação está se agravando com a pandemia do coronavírus. O Covid-19 matou mais de 32,5 mil pessoas no país, infectou 584 mil brasileiros e segue descontrolado no Brasil pela incapacidade de Bolsonaro de construir diálogo com governadores e prefeitos para montar um plano de enfrentamento da doença.

“Estamos vivendo um momento muito difícil e é ainda mais difícil porque que o governo não está agindo com a responsabilidade”, lamentou Lula, durante entrevista ao site ‘Metrópoles’, de Brasília. “O governo tem que liberar os recursos aprovados pelo Câmara dos Deputados”, criticou, ao tratar do veto de Jair Bolsonaro ao dispositivo da lei que previa a destinação de R$ 8,6 bilhões para estados e municípios enfrentarem o novo coronavírus. O veto surpreendeu congressistas e está sendo alvo de críticas no parlamento.

Lula se disse preocupado, porque aponta que Bolsonaro é mal assessorado e não faz questão de ter um gabinete de crise para lidar com a gestão do país em meio à crise. E lamenta que o presidente gaste tempo para perseguir adversários políticos que estão administrando governos estaduais num momento difícil do ponto de vista financeiro e fiscal. Diz que além de atuar de maneira descoordenada para implantar medidas durante a crise sanitária, Bolsonaro se cercou de gente desqualificada e incapaz.

“Bolsonaro não se preparou para governar o Brasil. Ele faz questão de colocar nos lugares errados pessoas erradas para cuidar das coisas no Brasil”, apontou o ex-presidente. “Coloca na educação, um cara [Abraham Weintraub] que quer desmontar a educação. Coloca no meio ambiente um cara [Ricardo Salles] que quer fazer desmatamento. Coloca na saúde um cara que não entende de saúde. Os filhos deles se intrometem nas decisões governamentais”, enumerou. “O governo é uma piada”.

Lula disse que a situação não é mais grave porque governadores e prefeitos estão tendo de adotar medidas para minimizar os impactos do Covid-19 na população. “A nossa sorte é que temos vários governadores preocupados e boa parte da sociedade que está sabendo se cuidar. E temos uma rede como o SUS que finalmente está sendo valorizada. Se tivesse o dinheiro necessário, quem sabe estaríamos numa situação melhor”, ressaltou. “Mas o fato é que o governo [federal] não existe e vamos pagar muito caro por isso”.