Humberto Costa pede auditoria de pagamentos do governo Bolsonaro à empresa de ex-mulher de Wassef

O senador Humberto Costa (PT-PE) entrou com uma representação junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pedindo auditoria nas contas da empresa Globalweb Outsourcing, ligada à sócia e ex-mulher de Frederick Wassef, advogado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de sua família.

“Há suspeitas de que a empresa tenha sido favorecida em contratos firmados com o governo Jair Bolsonaro”, diz o petista.

No documento, o senador defende a apuração de eventual prática de tráfico de influência e questiona os altos volumes e valores das contratações, e repasses de pagamentos à empresa.

“É no mínimo suspeito que as contas da Globalweb tenham tido tamanho crescimento durante a gestão do governo Bolsonaro, sobre tudo dada a proximidade de Wassef com a empresa e sua obscura relação com a família Bolsonaro”, afirma Humberto.

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Foi em um imóvel pertencente a Wassef que o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, foi preso em Atibaia, interior de São Paulo. Queiroz é apontado pelo Ministério Público como um dos cabeças do esquema de desvio de salários de funcionários do gabinete do senador Flávio Bolsonaro, na época que ele era deputado estadual no Rio de Janeiro, num esquema conhecido como “rachadinha”.

Após a prisão de Queiroz, Wassef deu versões conflituosas sobre a sua relação com o ex-assessor de Flávio Bolsonaro e chegou a negar ter conhecimento da estada de Queiroz em sua casa. Mas investigações revelam que, além de ter se abrigado em Atibaia, Queiroz já teria se hospedado, em 2018, em um apartamento do advogado, dessa vez no Guarujá.

Desde que Bolsonaro assumiu, a Globalweb obteve R$ 53 milhões em novos negócios e R$ 185 milhões em aditivos. Os valores pagos à empresa em um ano e meio da gestão Bolsonaro, R$ 41 milhões, já chegam perto do desembolsado à empresa nos quatro anos de gestão compartilhada por Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB): R$ 42 milhões. Além disso, o governo suspendeu no ano passado uma multa de R$ 27 milhões aplicada a consórcio de empresas do qual a Globalweb participava.

“Há notórios indícios de ampliação dos montantes das contratações com a empresa Globalweb Outsourcing, que, aliados aos elementos de suposta pessoalidade na relação com autoridades públicas com relevante poder sobre a administração pública federal, ensejam averiguação de parte de deste Tribunal. Com efeito, parece haver forte suspeição de quebra de impessoalidade e de moralidade, por eventual uso de influência de parte dos atores apontados, a saber as relações entre o Presidente da República, o seu filho senador Flávio Bolsonaro, cujo advogado é o senhor Frederick Wassef, ex-esposo da então fundadora e gestora CEO da empresa apontada, mãe da atual sócia e gestora”, afirma Humberto no documento.