Exército está desmontando a engrenagem do SUS, acusa ex-gestor do Ministério da Saúde

O ex-secretário municipal da Saúde de Curitiba, Adriano Massuda, em entrevista ao El País, não economizou adjetivos fortes para descrever os desacertos do Governo Bolsonaro e de parte das gestões estaduais no enfrentamento da maior crise sanitária do século.

“Faltou a organização de uma resposta nacional com a dimensão que essa pandemia exige. E não tem desculpa! A gente teve tempo para se preparar”, disse Massuda, lembrando que o novo coronavírus surgiu na Ásia e levou quase três meses para chegar até aqui.

Adriano Massuda, 41 anos, chegou a ser o “número dois” do Ministério da Saúde, época de Alexandre Padilha (PT-SP), quando chegou a secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde. Ele é especialista em gestão em saúde e foi secretário Municipal de Curitiba na gestão de Gustavo Fruet (PDT).

Ao El País, Massuda garantiu que só não estamos em situação pior justamente porque nós temos o SUS [Sistema Único de Saúde] e porque o Brasil tem uma tradição em programas de saúde pública.

Professor da Fundação Getúlio Vargas e pesquisador-visitante na Escola de Saúde Pública de Harvard, Adriano Massuda afirma que o “problema” é que essa tradição na saúde está sendo ameaçada justamente pela profusão de militares e profissionais sem experiência instalados em cargos-chave na atual configuração do Ministério da Saúde.

O pior, destaca o professor, é que mudanças nas engrenagens do sistema que foram construídas ao longo dos últimos 30 anos podem fazer um “estrago” muito além da pandemia de coronavírus.

Economia

Para Adriano Massuda, nem o pior ministro da Saúde fez o que Exército está fazendo, desmontando a engrenagem do SUS.

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