O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta segunda-feira (22) que o governo não tem R$ 50 bilhões para prolongar o auxílio emergencial de R$ 600 durante a pandemia de coronavírus.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em aparente contradição a Bolsonaro, afirmou neste sábado (20) que é favorável à prorrogação do auxílio emergencial de R$ 600 por mais dois ou três meses.
“União não aguenta outro desse mesmo montante que por mês nos custa cerca de R$ 50 bilhões. Se o país se endividar demais, vamos ter problema”, declarou o presidente da República, em entrevista após o lançamento do canal de TV Agromais, da Bandeirantes.
“Vai ser negociado com a Câmara, presidente da Câmara, presidente do Senado, um valor um pouco mais baixo e prorrogar por mais dois meses talvez a gente suporte, mas não o valor cheio de R$ 600”, destacou Bolsonaro, que cogita reduzir o auxílio emergencial para até R$ 200.
Se Bolsonaro reclama, dizendo que não tem dinheiro para os setores mais vulneráveis da sociedade, por outro, os bancos e especuladores não têm do que reclamar do governo. Pelo contrário.
As instituições financeiras receberam aportes e incentivos que somam R$ 2 trilhões no início da pandemia e, recentemente, o Congresso Nacional aprovou no “Orçamento de Guerra” a venda de ativos e imóveis da União que podem injetar mais R$ 2 trilhões nos bancos, ou seja, daria para pagar até 7 bilhões de auxílios emergenciais (um para cada habitante do planeta Terra).
“Conversei com o Paulo Guedes [ministro da Economia] que vamos ter que dar uma amortecida nisso daí. Vai ter a quarta parcela, mas não de R$ 600. Eu não sei quanto vai ser, R$ 300, R$ 400; e talvez tenha a quinta [parcela]. Talvez seja R$ 200 ou R$ 300. Até para ver se a economia pega”, despistou o presidente, que prometeu vetar a proposta de R$ 600.
“Na Câmara por exemplo, vamos supor que chegue uma proposta de duas [parcelas extras] de R$ 300. Se a Câmara quiser passar para R$ 400, R$ 500, ou voltar para R$ 600, qual vai ser a decisão minha? Para que o Brasil não quebre? Se pagar mais duas de R$ 600, vamos ter uma dívida cada vez mais impagável. É o veto”, disse na quinta-feira (18) durante sua live semanal.
LEIA TAMBÉM
- Globo fala de Queiroz, coronavírus e Bolsonaro, mas censura assunto Guedes
- Requião propõe a troca de Queiroz pelo Guedes na cadeia; assista
- Vendedor de óleo de capivara, Paulo Guedes volta a prometer que Brasil vai crescer entre setembro e novembro
- Bolsonaro, ok. E quem vai parar a besta-fera Paulo Guedes?
- Mansueto cai do Tesouro, mas falta sair ainda Guedes da Economia
- Lula: ‘Bolsonaro neste governo é o bobo da corte. Quem governa é o Guedes’
- Paulo Guedes agride, de novo, servidores públicos: ‘inaceitável saquear o País’
- Paulo Guedes na reunião ministerial: ‘É preciso vender logo a porra do Banco do Brasil’
- Paulo Guedes quer repassar mais R$ 2 trilhões aos bancos, enquanto o povo se humilha para receber R$ 600
- Maia sobre Guedes: ‘É vendedor de redes, dá a informação que quer’
- Copom promete taxa Selic de 2,25%, mas bancos cobram 313% no cartão de crédito
- Notícias ao vivo do Coronavírus: os bancos no Brasil e os hospitais dos Estados Unidos lucram com a pandemia
- Fortuna de cinco bancos soma R$ 7,4 trilhões e supera PIB do Brasil
- Bolsonaro reduz imposto de bancos, enquanto fala em congelar salários de servidores públicos
- Os bancos estão lucrando alto com o coronavírus; dinheiro público era para manter empregos
- PDT aciona Governo e Banco Central contra abusos dos bancos na pandemia
Rodrigo Maia apoia prorrogação de auxílio emergencial de R$ 600
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou neste sábado (20) que é favorável à prorrogação do auxílio emergencial de R$ 600 por mais dois ou três meses.
Pelo Twitter, Maia contrariou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que falou em prorrogar o benefício, porém contando o valor pela metade (trezentos reais).
“A todos que me perguntam sobre o auxílio emergencial: sou a favor da prorrogação do auxílio de R$ 600 por mais 2 ou 3 meses”, arrepiou no Twitter Maia.
O presidente da Câmara disse que todos os indicadores apontam uma forte queda da economia no terceiro trimestre, por isso a necessidade de prorrogar o auxílio emergencial para estimular a produção e o consumo.
“Tenho certeza que a minha posição é acompanhada pela maioria dos deputados”, declarou. “Manter esta ajuda é premente.”
Para Maia, o governo não pode esperar mais para prorrogar o auxílio. “A ajuda é urgente e é agora”, cobrou o presidente da Câmara.
Bolsonaro tem saída a não ser obedecer à opinião de Maia? Não. O presidente tem que andar pianinho, haja vista que existem 40 pedidos de impeachment protocolados na Câmara.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.