Moro depõe hoje à PF em inquérito sobre Bolsonaro

O ex-ministro Sérgio Moro depõe daqui a pouco, por volta das 11 horas, na superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, no inquérito que apura as acusações feitas por ele contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O depoimento de hoje (2) é incomum porque ocorre em um sábado (2), “feriadão”, e num momento de acefalia na Polícia Federal. O órgão está sem comando desde que o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, proibiu Bolsonaro de nomear Alexandre Ramagem no cargo de diretor-geral.

A PF vai ouvir Moro após decisão do ministro do STF Celso de Mello, que deu cinco dias para o ex-ministro da Justiça. O inquérito foi instaurado a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras.

O ex-ministro da Justiça será ouvido da capital paranaense pelo delegado Igor de Paula, que atuou na Lava Jato, quando Moro era juiz na 13ª Vara Federal de Curitiba.

Sérgio Moro disse numa entrevista da revista Veja, neste fim de semana, que irá chutar o pau da barraca de Bolsonaro apresentando provas à Justiça sobre a interferência do presidente nas investigações da PF.

De acordo com “delação” do ex-ministro da Justiça, ao deixar o cargo no último dia 24, o presidente Bolsonaro decidiu exonerar o antigo diretor da PF Maurício Valeixo para facilitar essa interferência no curso de processos tanto na polícia quanto no Supremo Tribunal Federal.

Economia

Barrado pelo ministro Moraes, o delegado Ramagem foi chefe de segurança de Jair Bolsonaro na campanha de 2018. O policial foi vetado porque teria relações pessoais com o presidente da República e seus familiares.

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PGR destaca três procuradores para acompanhar depoimento de Moro à PF

A Procuradoria Geral da República (PGR) informou nesta sexta-feira (1º) que destacou três procuradores para acompanhar o depoimento do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro à Polícia Federal (PF).

Segundo a PGR, acompanharão o depoimento os seguintes procuradores:

• João Paulo Lordelo Guimarães Tavares;
• Antonio Morimoto;
• Hebert Reis Mesquita.

Moro pediu demissão do cargo na última sexta-feira (24) e, ao anunciar a saída, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tentou interferir politicamente na PF para obter acesso a informações sigilosas e relatórios de inteligência.

Diante das declarações do ex-ministro, a PGR pediu, e o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de um inquérito para investigar o que disse Moro.

Nesta quinta-feira (30), o ministro Celso de Mello, do STF, deu um prazo de cinco dias para que a PF colha o depoimento de Moro sobre acusações que fez contra Bolsonaro.

PGR pede inquérito ao STF para investigar denúncias de Moro contra Bolsonaro

O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu a abertura de um inquérito ao Supremo Tribunal Federal (STF) investigar os supostos crimes cometidos pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), relatados pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro em pronunciamento nesta sexta-feira (24).

O pedido de Aras aponta os crimes de falsidade ideológica, coação no curso de processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de Justiça, corrupção passiva privilegiada, denunciação caluniosa e crime contra a honra.

“A dimensão dos episódios narrados revela a declaração de ministro de Estado de atos que revelariam a prática de ilícitos, imputando a sua prática ao presidente da República, o que, de outra sorte, poderia caracterizar igualmente o crime de denunciação caluniosa”, escreveu o PGR no pedido.

Moro chuta o pau da barraca de Bolsonaro, mas o lixo da história aguarda o ex-ministro

O ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, numa espécie de defesa prévia, começou a chutar o pau da barraca do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na semana que vem, ele terá de depor à Polícia Federal para detalhar as acusações que fez no pronunciamento de demissão.

Na sexta-feira (24), num verdadeiro desacerto público, Moro fez uma “delação” diante dos holofotes contra o homem que ajudou a ganhar a eleição em 2018 e, como paga, segundo a literatura, tinha recebido o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Por causa disso, o ex-juiz da Lava Jato se sentia mais dono do governo que o próprio eleito, o “Messias, o profeta da morte que atende pelo sobrenome Bolsonaro.

Moro caiu porque quis fazer do Ministério da Justiça e Segurança Pública sua “ilha particular” onde poder-se-ia prospectar, além do fetiche do combate à corrupção, bunisses, negócios em nome da coletividade e do bem-estar geral da sociedade. Liberação de cassinos, redução de impostos para cigarros e bebidas e a regulamentação do lobby no âmbito do governo federal estavam no radar do ex-ministro.

O combate à corrupção no governo Bolsonaro, do qual participou Moro, era para inglês ver. Em um ano de quatro meses, o ex-ministro da Justiça não respondeu onde estava Fabrício Queiroz, o pivô das rachadinhas no gabinete de Flávio Bolsonaro, e quem mandou matar Marielle Franco –só para ficar em dois exemplos.

Fruto de marketing da velha mídia, Sérgio Moro lustrou a carreira de juiz como “caçador de corruptos”, porém a história comprovou que ele só fazia perseguição política com um único objetivo: chegar ao poder.

A Lava Jato também se revelou um movimento fascista, antipetista, antiesquerda, de uma pequena parte do judiciário, cujo objetivo principal era garantir a chegada da extrema direita e de fundamentalistas religiosos ao Palácio do Planalto.

Em entrevista de capa à revista Veja, Moro circunscreve a desavença com Bolsonaro à exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, no entanto, a bronca envolve muito mais coisa que a vã filosofia possa explicar…

Na guerra de versões sobre o verdadeiro motivo da saída de Moro da Justiça, Bolsonaro disse que estaria desmontando a “República de Curitiba” em Brasília. “Por que só delegados de Curitiba?”, perguntou o presidente, que liberou sua rede de ódio nas redes sociais para carimbar o ex-juiz de “traidor”.

“Moro revelou que não vai admitir ser chamado de mentiroso e que apresentará à Justiça, assim que for instado a fazê-lo, as provas que mostram que o presidente tentou, sim, interferir indevidamente na Polícia Federal”, escreve a Veja.

Com toda a sinceridade do mundo, Sérgio Moro muito em breve cairá no ostracismo político e jurídico. Reservadas as proporções, ele lembra o ocaso do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa. Não tem partido e também foi carrasco. O povo não vota nesse tipo de gente. Nenhum torturador na ditadura conseguiu brilhar na política. A história reservou o lixo para eles todos.

Portanto, no caso de Moro, tem aí um ‘Déjà Vu’ histórico-político.