O general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional de Bolsonaro, não será lembrado pelo sua delicadeza ou finesse. Nem o ex-ministro Ciro Gomes (PDT).
O militar disse que não ia responder a um vídeo de Ciro, porque o considera um “lixo humano”. E ao dizer que não ia processar o cearense, acabou confirmando que considera Adélio Bispo, autor confesso da facada em Bolsonaro “inimputável por ser débil mental”.
Ciro Gomes, que eu mal conheço e considero um canastrão, publicou um vídeo com uma série de ofensas a mim. Não vou responder, porque o considero um lixo humano, nem vou processá-lo, por ser um caso igual ao Adélio, inimputável por ser débil mental.
— General Heleno (@gen_heleno) May 26, 2020
A narrativa bolsonarista sobre Adélio é bem diferente. Eles volta e meia requentam o assunto para tentar apontar a esquerda como responsável pelo atentado. Mas, se nem Heleno pensa assim, então está provado que não há mais nada a esclarecer nesse caso.
O vídeo ao qual Heleno responde sem responder é esse:
É uma peça bastante interessante em que o pedetista analisa as investidas antidemocráticas do bolsonarismo.
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“Gestapo” viraliza nas redes sociais após ação da PF contra Witzel
A Polícia Federal está sendo comparada à “Gestapo”, a polícia política secreta do regime nazista, após deflagrar a Operação Placebo contra o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), adversário político do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seu filho “Zero Um”, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ).
No Twitter, a #hashtag “Gestapo” é um dos assuntos mais comentados nesta terça-feira (26).
“O avanço do Estado Policial no Brasil, a data de hoje é a inaugural da polícia política do Bozo. A PF (Polícia Federal) se transformou hoje na GESTAPO (Polícia Política Nazista) brasileira”, anatou o internauta Ed’naldo Pereira.
Para outro navegante, Paulo Paninni, Bolsonaro pelo visto quer fazer da PF uma “gestapo” encarregada de atacar os “inimigos do regime”.
O deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), afirma que o fato da deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP) saber de uma operação sigilosa da PF contra um governador de oposição mostra que estamos diante de uma primeira experiência de polícia política em um governo autoritário e golpista. “A PF não é guarda presidencial”, reagiu.
O jornal Folha de S. Paulo também registrou que a ação da PF contra Witzel foi comparada à Gestapo nas redes sociais, assim como o deputado Paulo Pimenta (PT-RS): “Ao anunciar operação na véspera, Carla Zambelli entrega prova que faltava sobre interferência da Bolsonaro na PF.”
Outro tuiteiro, de nome “José”, afirmou que Bolsonaro e Witzel se merecem:
- Witzel é desprezível, merece SIM apodrecer na cadeia.
- Bolsonaro aparelhou a Polícia Federal, temos oficialmente uma SS Gestapo Tupiniquim a mando dele.
- Repito: Witzel é desprezível, merece SIM apodrecer na cadeia. Endosso: Bolsonaro que apodreça na mesma cela.
Torcida à parte, a ação da PF contra o governador fluminense pode ser um feitiço que vira contra o feiticeiro. Se as autoridades judiciárias e políticas [Supremo Tribunal Federal e Congresso Nacional] precisavam de um motivo para o impeachment, com base na improbidade administrativa, no aparelhamento da PF, aí está.
“A deputada federal Carla Zambelli saber antecipadamente de operações da Polícia Federal “contra governadores” é grave. Como a deputada sabe? E por que ela sabe? As relações da cúpula do governo Bolsonaro e a PF estão cada vez mais promíscuas e precisam ser explicadas”, questionou a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ).
O governador Witzel, alvo da operação de hoje, afirmou que “a interferência anunciada pelo presidente está oficializada”, qual seja, Bolsonaro usa a estrutura policial para fazer política contra adversários.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.