“Bolsonaro ou vida”, propõe líder do PT na Câmara

O líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR), em artigo especial, propõe ao País duas alternativas: ou Bolsonaro ou a vida.

Segundo o líder petista, a missão principal dos progressistas hoje seria evitar mortes devido às irresponsabilidades e leviandades de Bolsonaro.

“Bolsonaro é o mais notório e impune vetor de transmissão do coronavírus”, acusa Verri, que cobra dos poderes a proibição do presidente da República sair por aí [impunemente] disseminando o vírus.

“Bolsonaro é nocivo a qualquer intenção de vida e um atraso em todos os campos, desde o econômico, ao social, passando pelo cultural, o político e o tecnológico”, afirma o líder do PT na Câmara.

Para Enio Verri, as instituições vivem o dilema de provocar uma ruptura perigosa e imprevisível, ou seguir assistindo a Bolsonaro conduzir o Brasil a um precipício de dizimação populacional e aniquilamento total da economia. Enquanto a decisão não se dá, a queda livre no vazio se anuncia.

Leia a íntegra do artigo:

Economia

Bolsonaro ou vida

Enio Verri*

A missão mais importante das forças progressistas, de todas as instituições do Brasil, hoje, é evitar o maior número de mortes que as já muito conhecidas irresponsabilidades e leviandades de Bolsonaro causarão. A mais grave de todas crises produzidas por Bolsonaro é o fato de ele ser o mais notório e impune vetor de transmissão do coronavírus. Os Poderes da República serão cobrados pela história para explicar por que Bolsonaro não foi impedido de sair às ruas e estimular, incólume, a população que assim também o fizesse. Bolsonaro é nocivo a qualquer intenção de vida e um atraso em todos os campos, desde o econômico, ao social, passando pelo cultural, o político e o tecnológico.

A incompetência para administrar a economia foi demonstrada, já em 2019, com um PIB de 1%, 40 milhões de informais e a torra de US$ 40 bilhões das reservas internacionais, para absolutamente nada. Bolsonaro recorre à velha política da qual fala tão mal e na qual viveu por 28 anos. Isolado, sem conseguir avançar no desmonte do Estado, que também interessam ao centrão, vai entregar cargos de decisão política para os partidos desse bloco. O Brasil levará décadas para se recuperar do atraso cultural promovido por Bolsonaro. Ele exalta ditaduras e torturadores e é capaz de convencer cidadãos quebrarem procedimentos internacionais de isolamento para defenderem a supressão dos Poderes da República e, portanto, da democracia. Os historiadores terão dificuldade de explicar que parte da população protestou pelo fim do direito à protestar.

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Portanto, Bolsonaro se notabiliza pela incapacidade, em todos os campos. Nesse sentido, o que se exige das autoridades e das forças progressistas do Brasil é que o impeçam de avançar, inconsequentemente, como acontece, diariamente. Essa é a grande urgência do Brasil. Lutar contra o vírus já será penoso demais para a concorrência de Bolsonaro. Tudo o que o Brasil precisa é de equilíbrio, mas o presidente é o brasileiro menos indicado para tal. Desde o início da pandemia, o Congresso Nacional já deu todas as condições políticas e legais para o governo enfrentar a pandemia à altura da sua gravidade, mas a resposta do Executivo é a criação de crises e dificuldades que retardam a ação, como se o objetivo fosse mesmo o de não funcionar.

De todos os recursos que a Câmara e Senado permitiram a Bolsonaro movimentar para enfrentar a doença, apenas 11% chegaram aos estados e municípios. O governo se omite diante de 100 mil contaminados e mais de sete mil mortes. Do ministro da Saúde, não se ouve falar, a não ser por ele dizer que não sabe o que fazer e mostrar que não sabe usar máscara. A postura de Bolsonaro jamais mudará. Somente uma contundente sanção externa poderá evitar que ele cause um desastre sem necessidade de acontecer, apenas pelo ego de uma pessoa não apenas diminuta demais para o cargo, que não faz a menor ideia do que seja a Presidência e que não tem relação afetiva alguma com o Brasil. Haja vista como ele se apresentou, no domingo, quando permitiu que as bandeiras dos EUA e de Israel fossem evidenciadas no lugar da bandeira brasileira.

A sociedade, por meio das instituições que devem satisfações à população, é quem deve colocá-lo em seu devido lugar para se proteger de sua conduta genocida. No momento, não interessa se o presidente está manipulando a Polícia Federal para proteger sua família, ou se ele cometeu os crimes que o Moro acobertou, por mais de um ano. O urgente, agora, são medidas para deter a avassaladora proliferação do coronavírus, estimulada pelo mandatário da nação. As instituições vivem o dilema de provocar uma ruptura perigosa e imprevisível, ou seguir assistindo a Bolsonaro conduzir o Brasil a um precipício de dizimação populacional e aniquilamento total da economia. Enquanto a decisão não se dá, a queda livre no vazio se anuncia.

*Enio Verri é economista e professor aposentado pelo Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e está deputado federal e líder da bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados.