O presidente da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, afirmou neste domingo (5) ao Blog do Esmael que o pior dia da quarentena será a próxima quarta-feira, dia 8 de abril.
O pesquisador lembra que o 5º dia útil do mês, o “Dia da Verdade”, será a data-limite que os empregadores terão para pagar os funcionários –parados ou não em virtude da Covid-19.
Pelas contas de Hidalgo, na terça, dia 7, completa o quinto dia útil do mês. No entanto, o empregado vai consultar o saldo na conta bancária na quarta de manhã. “É quando haverá choro e ranger de dentes…”
Em português claro, quarta-feira poderá ser instituído como o “Dia Nacional do Calote” nos trabalhadores e sintetizar a volta à escravidão no Brasil.
Nesse cenário, analisa o pesquisador, o patrão apelará ao empregado para a situação “especial” de isolamento social, de quarentena, de serviços reduzidos parcial ou totalmente. O trabalhador, ameaçado com a perda da vaga, será “compreensível” com a situação.
“Nem todos os empresários irão buscar empréstimos, que tornar-se-ão impagáveis mais adiante”, avalia Murilo Hidalgo, e a suposta “ajuda” governamental poderá demorar mais de 45 dias para chegar ao trabalhador –desde que haja a adesão do empregador.
“Tem empresas paradas há 15 dias, sem fluxo de caixa.”
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Na prática, o dono da Paraná Pesquisas desenha um futuro sombrio para patrões e empregados diante da insuficiência de políticas do governo Jair Bolsonaro (sem partido).
Hidalgo tem razão.
O Brasil anuncia cerca de 2,7% do PIB (Produto Interno Bruto) para o combate do coronavírus. O Reino Unido, só para ficarmos no melhor exemplo, vai colocar 17% do PIB para o mesmo problema.
Além disso, Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, com a aquiescência da velha mídia, chamaram os banqueiros privados para gerenciar linhas de créditos (empréstimos) com dinheiro “velho” oriundos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Nesse arremedo, a ideia é deixar intacto o orçamento da União para 2020. Qual seja, os juros e amortizações que consumirão 45% do orçamento (R$ 1,6 trilhão) continuarão sendo destinados a banqueiros e fundos de investimentos. Eventuais “melhoras” dos gastos em saúde, portanto, ocorrerão de esvaziamento da educação ou de atendimento das pessoas com deficiência.
Se quisesse resolver os problemas dos empregos e das empresas, Bolsonaro teria de disponibilizar recursos a fundo perdido. O governo estaria agora pagando para os trabalhadores ficarem em casa e os patrões chamados a manter os empregos. Mas não o fez.
O “Capitão Corona”, na realidade, luta esta semana para encerrar a quarentena e empurrar a classe obreira para a rotina dos ônibus cheios, das salas de aula superlotadas, da precarização e da informalização, etc.
Bolsonaro tem lado, o lado dos banqueiros e dos ricos.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.