Pandemia de coronavírus pode dobrar desemprego no Brasil, diz estudo da FGV

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) afirma que a pandemia de coronavírus pode dobrar o número de desempregados no Brasil, ou seja, no curto prazo os sem ocupação podem saltar de 12,3 milhões para 25 milhões no País.

Os pesquisadores da Fundação apresentam dois cenários para a crise, uma mais otimista, outra mais pessimista.

Comecemos pelo cenário mais pessimista, então:

Nesse caso, a massa salarial cai 13,8%, mesmo considerando as medidas já anunciadas pelo governo, com redução de 13,5% na população ocupada e nas horas trabalhadas de todos os setores, número compatível com uma retração do PIB de 7%. A taxa de desemprego iria para 23,8% —seriam 12,6 milhões de novos desempregados no país.

Ou seja, no primeiro cenário, o desemprego formal dobra e chega aos 25 milhões de trabalhadores.

Vamos ao cenário mais otimista da FGV.

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Ainda de acordo com o estudo, os trabalhadores perderão 15% na sua renda e, consequentemente, também perderão o poder de compra com seu salário.

Os pesquisadores da FGV ainda afirmam que a massa salarial deve cair 5,2%, retração recorde da série iniciada em 2003. Eles preveem retração de 3,4% no PIB e de 6,7% nas horas trabalhadas.

Com a perda de seis milhões de novos empregos, os estudos projetam 17,8% da taxa de desemprego no pós-pandemia.

É bom lembrar o distinto leitor que, antes da pandemia do coronavírus, as políticas econômicas de Jair Bolsonaro e Paulos Guedes já afundavam o Brasil na depressão.

A crise brasileira era preexistente, por isso o impacto nos trabalhadores durante a Covid-19 pode ser mais cruel ainda.

Raio X da situação atual

Em dezembro de 2019, a população economicamente ativa do País somava 159,5 milhões de pessoas. Dessas, 65,1 milhões eram desalentados (que não estão trabalhando, nem procurando trabalho).

Em virtude de desregulamentações como as reformas trabalhista e previdenciária, ao menos metade da população economicamente ativa –50 milhões de pessoas — estavam no mercado de trabalho informal (sem carteira assinada) ou laborando precariamente (uberização) sem direitos como férias, décimo terceiro, INSS (aposentadoria), etc.

Nessa restruturação do pós-coronavírus, objetivamente, os empregados do setor privado com carteira assinada serão a minoria pela primeira vez na história.

Com o advento do desemprego dobrando, com certeza, número de informais poderá saltar para até 65 milhões de pessoas no Brasil. Evidentemente, os salários também irão despencar.