Moro já é “comunista” com demissão do diretor da PF; ministro convoca coletiva às 11h

A Globo pode perder nesta sexta-feira (24) seu segundo quadro no governo Jair Bolsonaro (sem partido), o ministro Sérgio Moro, se o titular da Justiça e Segurança Pública realmente tomar para si as dores pela demissão de Maurício Valeixo, diretor-geral da Polícia Federal.

O primeiro quadro que a emissora dos Marinho perdeu, há uma semana, foi Luiz Henrique Mandetta, que foi exonerado do Ministério da Saúde. No lugar do moço, Bolsonaro nomeou o administrador hospitalar Nelson Teich.

O terceiro nome da Globo no primeiro escalão do governo federal é a atriz Regina Duarte, secretária Especial da Cultura.

Moro chegou a dizer ontem (23) que pediria demissão se o presidente da República levasse confirmasse os rumores sobre o desligamento de Valeixo. Bolsonaro, por sua vez, teria dito ao ex-juiz que não se prendesse a ele e ficasse à vontade para sair. ‘Não se prenda a mim, por favor, fique à vontade para sair quando quiser’.

O bolsonarismo já tem o ex-juiz da Lava Jato na alça da mira há bastante tempo porque os apoiadores do presidente esperam que Moro defenda em público o governo, o fim da quarentena e a cloroquina como remédio para o coronavírus. O ministro da Justiça se recusa a assumir tais bandeiras.

Além disso, as rusgas entre Bolsonaro e Moro vêm de longe. Em agosto de 2019, Bolsonaro demitiu do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) Roberto Leonel –que fornecia dados fiscais a procuradores da Lava Jato sem investigação formal.

Economia

Moro não tem a simpatia do Congresso Nacional e perdeu todas que tentou discutir na Câmara, Senado e no governo:

  • Excludente de ilicitude
  • Prisão em segunda instância
  • Saída de superintendente da Polícia Federal no RJ
  • Presos em contêineres
  • Apoio a Mandetta
  • Tablets para presidiários
  • Pasta exclusiva para segurança pública
  • Juiz de garantias e pacote anticrime
  • Decreto de armas
  • Coaf no Banco Central
  • Nomeação de Ilona Szabó
  • Desentendimento com Maia

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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, convocou uma coletiva de imprensa para às 11h desta sexta-feira (24). A entrevista acontece após a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Leite Valeixo.

Sérgio Moro estaria de saída do governo Bolsonaro após ingerência na PF
O ex-juiz Sérgio Moro não gostou nada da decisão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de trocar o comando da PF. Nesse momento há um impasse sobre a permanência do ex-chefe da lava jato no ministério da Justiça. Valeixo era o homem de confiança do ministro na corporação.

Moro avalia que, sem o comando da PF em suas mãos, sobra pouca coisa para ele fazer no governo e seria melhor sair.

Segundo o jornalista Vicente Nunes, do Correio Braziliense, Bolsonaro decidiu exonerar Valeixo devido à investigação da PF sobre fake news contra o STF estar se aproximando do seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos -RJ). Os agentes envolvidos no caso afirmam que Carlos é o mentor dos ataques disparados aos ministros da Corte.

Moro pode deixar governo Bolsonaro até julho de 2020

(Publicado em 27 de dezembro de 2019) – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deu a senha ontem (26) à noite, durante a última live do ano, sobre o esgarçamento da relação com o ministro Sérgio Moro. “Que seja feliz”, disse, em tom de ‘liberação’ do titular da Justiça para deixar o cargo.

“O Moro tem um potencial enorme. Ele é adorado no Brasil. Pessoal fala que ele deve encarar como presidente. Se o Moro vier, que seja feliz, não tem problema, vai estar em boas mãos o Brasil”, passou recibo Bolsonaro.

O fato é que o núcleo duro da força-tarefa Lava Jato, que coordena a pré-campanha do ex-juiz, corrobora os números divulgados esta semana sobre a popularidade de Moro: em 1 ano, o ministro perdeu 23% de aprovação; se continuar no governo Bolsonaro, chegará na eleição de 2022 com popularidade negativa.

Correligionários do ministro da Justiça se dividem em duas alas: 1- a que advoga a tese da saída imediata do governo, aproveitando a crise acerca do juiz das garantias; e 2- a que acredita ser possível conviver com Bolsonaro até julho de 2020, mais seis ou sete meses no cargo, portanto.

A questão central é que já são favas contadas a candidatura de Sérgio Moro ao Palácio do Planalto, em 2022. O presidente Jair Bolsonaro, incontinente, o trata como “inimigo” e alvo a ser abatido, sob pena de ser apeado do governo.

Bolsonaro também estuda a melhor maneira para se desvencilhar de Moro. Uma das estratégia seria amplificar a incompetência do ministro na Segurança Pública, área malvista pela população, sobretudo no combate à corrupção.

Durante este primeiro ano no governo, Sérgio Moro praticamente foi derrotado em todas as pautas que defendeu no governo e no Congresso Nacional. Ele foi esmagado por uma aliança tácita entre a esquerda e Bolsonaro. Vide o caso do juiz das garantias.