Com economia paralisada, França pretende acelerar o fim do confinamento

Bruno Le Maire, ministro da Economia da França.
Apesar de conhecerem a data de 11 de maio como o momento previsto para o fim do confinamento obrigatório no país, imposto para frear a Covid-19, os franceses ainda não têm ideia da forma como a reabertura vai acontecer. O presidente Emmanuel Macron fala em um retorno gradual das atividades. Contudo, em entrevista nesta quinta-feira (23), o ministro da Economia francês sugere uma volta maciça de todo o comércio.

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Bruno Le Maire disse que pretende reabrir lojas e demais estabelecimentos comerciais no dia 11 de maio, com exceção de bares e restaurantes. Algumas atividades econômicas já foram retomadas, como o setor da construção civil, que retornou ao trabalho nesta quinta-feira.

“Eu deixo de lado os restaurantes, os bares e os cafés”, que serão submetidos a um “regime específico”, esclareceu Le Maire, ao defender que, por “princípio de justiça”, todos os demais estabelecimentos comerciais deveriam ser tratados da mesma maneira.

Economia

“A economia francesa é um organismo anestesiado, que não assegura mais suas funções vitais”, constata o Instituto Nacional de Estudos e Estatísticas, que observa uma redução de 49% da atividade comercial, excluindo os aluguéis.

Setor privado tem baixa histórica
A atividade do setor privado na França caiu para uma nova baixa histórica em abril, depois da queda registrada em março, de acordo com um indicador provisório divulgado nesta quinta-feira pela empresa IHS Markit.

Confinada para combater a disseminação do novo coronavírus, a segunda maior economia da zona do euro apresenta resultados que refletem a quase paralisação da atividade econômica. “Tanto os fabricantes quanto os prestadores de serviços registraram os maiores declínios em suas atividades desde que a pesquisa foi lançada, há 22 anos”, informou a Markit em seu comunicado à imprensa.

O índice que combina o setor manufatureiro e de serviços caiu para 11,2 em abril, contra 28,6 em março, de acordo com levantamento feito pela consultoria com pequenas e médias empresas. Um número abaixo de 50 indica uma contração da atividade, enquanto acima desse limite significa uma expansão.

Eliot Kerr, economista da IHS Markit, explicou, no entanto, que a contração da atividade em abril era “esperada devido ao rigor das medidas de contenção da epidemia”.

Sem ajuda para empresas em paraísos fiscais
O ministro das Finanças, Bruno Le Maire, também anunciou nesta quinta-feira que a França não forneceria ajuda financeira para lidar com a crise do coronavírus a empresas sediadas ou com subsidiárias em paraísos fiscais.

“Se uma empresa tiver a sua sede ou subsidiária tributária em um paraíso fiscal, quero dizer com muita franqueza que ela não será capaz de se beneficiar do auxílio estatal em dinheiro”, afirmou.

“Existem regras que devem ser seguidas. Se a empresa se beneficiou do tesouro do Estado, não pode pagar dividendos e nem comprar ações de volta”, acrescentou o ministro. “E se a sede estiver localizada em um paraíso fiscal, é óbvio que não poderá se beneficiar do apoio público”, insistiu Bruno Le Maire, seguindo o exemplo de outros países como a Dinamarca.

Déficit recorde da Previdência Social
Diante da crise de coronavírus que atinge a França, o déficit da Previdência Social do país deve explodir em € 41 bilhões em 2020. “É algo inédito”, disse o ministro de Ação e Contas Públicas, Gérald Darmanin, durante uma audiência na Comissão de Assuntos Sociais do Senado.

Essa deterioração do déficit para € 41 bilhões – contra pouco menos de € 2 bilhões em 2019 – está ligada à forte desaceleração da atividade econômica, que causará perdas significativas de receita.

Por enquanto, o declínio no crescimento e, portanto, na atividade é estimado em 8%, mas pode ser ainda mais significativo.

A França registra mais de 21.300 mortos desde o início da epidemia, em março. Atualmente, 30.000 pacientes da Covid-19 estão hospitalizados, um número em queda pelo oitavo dia consecutivo.

As informações são da RFI.