Bolsonaro desiste de antecipar o pagamento da segunda parcela do auxílio emergencial

“Enganei um bobo na casca de ovo.” Esta era uma brincadeirinha de criança, mas em voga no governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). No início da semana, o Palácio do Planalto anunciou que pagaria nesta quinta (23), antecipadamente, a segunda parcela do auxílio emergencial de R$ 600. Não vai mais. Era trollagem.

O Ministério da Cidadania informou em nota, nesta quarta-feira (22), véspera de o governo cumprir a promessa, que faltam recursos no orçamento para fazer a antecipação do benefício e que será preciso aprovar um crédito. suplementar.

O anúncio havia sido feito com pompa e circunstância pelo presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, mas o presidente Bolsonaro não sustentou e não honrou a promessa de seu subordinado.

O Ministério da Cidadania, pilotado por Onyx Lorenzoni, afirma que as três parcelas do auxílio vão exigir um desembolso de R$ 32,7 bilhões cada uma e que já foram transferidos para a Caixa R$ 31,3 bilhões. Além disso, um contingente de 12 milhões de trabalhadores ainda não receberam a primeira parcela.

Só para lembrar o distinto leitor, o governo Bolsonaro transferiu para os bancos no início da pandemia do coronavírus a “bagatela de R$ 1,2 trilhão. Se as três parcelas do auxílio emergenciais para os trabalhadores custarão ao final R$ 98,1 bilhão, isto significa que meia dúzia de banqueiros abocanharam “sozinhos” 12 vezes mais.

LEIA TAMBÉM
PT inicia mobilização da militância pelo ‘Fora, Bolsonaro’

Economia

Regina Duarte ‘duela’ com o ministro do Turismo por cargos na Cultura

Ciro defende impeachment e diz que ‘chega de notinha de repúdio’

Dito isso, voltemos aos seiscentão.

De acordo com o governo federal, o cronograma de pagamento da segunda parcela, previsto para começar nessa quinta-feira (23) até quarta-feira (29), só será anunciado em maio, segundo a nota. O Ministério da Cidadania menciona ainda que foi alertado pela Controladoria Geral da União (CGU) sobre a questão orçamentária.

“Tanto o Ministério da Cidadania quanto a Caixa manifestaram seu desejo de antecipar o pagamento da segunda parcela. No entanto, devido ao alto número de informais cadastrados e a determinação do governo em não deixar ninguém para trás, todas as expectativas foram superadas e tornou-se imperativo solicitar crédito suplementar para poder completar o atendimento a todos”, afirma a nota.

“O Ministério da Cidadania produziu nesta data uma nota técnica e já solicitou ao Ministério da Economia a previsão para uma suplementação orçamentaria o mais rápido possível. Em virtude disso, por fatores legais e orçamentários, pelo alto número de requerentes que ainda estão em análise, estamos impedidos legalmente de fazer a antecipação da segunda parcela do Auxílio-Emergencial”.