Basta! Chega! Fora Bolsonaro!

O ativista Milton Alves escreve que Bolsonaro só aposta na radicalização e já avisou que não pretende negociar. O articulista também levanta as bandeiras “chega”, “fora”, “basta” e “impeachment” do capitão coronavírus.

Por Milton Alves*

O presidente Jair Bolsonaro intensificou a escalada contra a democracia neste domingo (19) ao participar de uma manifestação de caráter golpista em frente ao Quartel Geral do Exército em Brasília. O chefe do executivo engrossou o coro dos manifestantes que pediam um golpe militar, um novo AI-5, o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).

A participação de Bolsonaro no ato antidemocrático foi uma afronta criminosa ao estado de direito consagrado na carta constitucional de 1988. “Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil. Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás. Temos um novo Brasil pela frente. Todos, sem exceção têm que ser patriotas. Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder. Mais do que um direito, vocês têm obrigação de lutar pelo país de vocês. Contem com o seu presidente”, disse Bolsonaro, aos gritos de “Mito”, “Fora, (Rodrigo) Maia” e “AI-5, Já”.

Na atual crise política, que combina a falência da agenda econômica bolsonarista com o avanço da pandemia do coronavírus, o presidente é um fator permanente de desestabilização dos esforços do país para vencer a guerra pela proteção da vida dos brasileiros. Bolsonaro personifica o desastre e o genocídio.

É hora de reagir! É necessária a constituição de uma frente em defesa da democracia para viabilizar os meios e as formas legais, constitucionais, de tirar Bolsonaro da presidência. Não há meio termo: Ou barramos o golpe, ou seremos tragados pela escalada fascista. Qualquer tipo de contemporização, como agem no momento o Congresso Nacional e o STF, significa uma cumplicidade com o projeto autoritário de Bolsonaro.

Bolsonaro só aposta na radicalização e já avisou que não pretende negociar. Ou seja, ele definiu o seu objetivo político e prepara o seu “exército” para o combate.

Economia

Portanto, “Fora Bolsonaro” é a única saída para reorganizar e salvar do colapso total a já cambaleante institucionalidade democrática do país.

*Milton Alves é ativista político e social. Autor do livro ‘A Política Além da Notícia e a Guerra Declarada Contra Lula e o PT’

Roberto Jefferson denuncia em live suposta armação de impeachment de Bolsonaro; assista
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) transmite ao vivo uma ‘live’ do jornalista Oswaldo Eustáquio e do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, sobre um suposto golpe parlamentarista articulado pelo Congresso nacional.

“Roberto Jefferson revela detalhes da trama do golpe iminente de Rodrigo Maia contra Bolsonaro”, chama o título nas redes sociais.

“O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, autor da denúncia do Mensalão, vai trazer a rota do golpe parlamentarista operacionalizado por Rodrigo Maia. Parte do Congresso trabalha contra o país, contra Bolsonaro e a favor do establishment”, diz o texto com o anúncio da ‘live’ nas redes sociais.

Segundo os participantes na live, a trama envolveria os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP); e da OAB, Felipe Santa Cruz.

De acordo com Jefferson, os opositores do presidente já criaram um motivo para o impeachment de Bolsonaro.

A ex-senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) reagiu estranhando o fato de Bolsonaro assistir à entrevista de Roberto Jefferson, um condenado por corrupção.

Partidos e entidades gritam para Bolsonaro: BASTA!
O impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já é mais que uma certeza, uma questão de tempo, a jugar pelas manifestações de entidades, partidos e personalidades políticas em defesa da democracia brasileira. Eles pediram um basta para impedir uma tragédia no País.

Bolsonaro retomou a escalada contra a democracia neste domingo (19) ao ganhar as ruas de Brasília e ir em frente ao Quartel General do Exército para apoiar manifestações em defesa de uma intervenção militar, a reimplantação do AI-5, fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em nota oficial, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) afirmou que “vê com preocupação as manifestações de grupos que defendem o fechamento do Supremo Tribunal Federal, da Câmara e do Senado, além de outras medidas ilegais e que agridem a Constituição Federal.”

Dirigentes do PT, OAB, PDT e PSOL pediram um basta e defenderam união dos democratas para impedir tragédia. Segundo eles denunciaram, o presidente Bolsonaro retomou a escalada autoritária ao desafiar instituições democráticas e liderar manifestação pró-intervenção militar.

“Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil. Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás. Temos um novo Brasil pela frente. Todos, sem exceção têm que ser patriotas. Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder. Mais do que um direito, vocês têm obrigação de lutar pelo país de vocês. Contem com o seu presidente”, disse Bolsonaro, aos gritos de “Mito”, “Fora, (Rodrigo) Maia” e “AI-5, Já”.

“O presidente da República atravessou o Rubicão”, disse o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz. “A sorte da democracia brasileira está lançada, hora dos democratas se unirem, superando dificuldades e divergências, em nome do bem maior chamado LIBERDADE!”, escreveu no Twitter.

O presidente da OAB comparou o gesto de Bolsonaro ao de Caio Júlio César que atravessou o rio Rubicão, uma fronteira natural que separa a Gália Cisalpina e a Itália em 11 de janeiro de 49 a.C. À época, o Senado romano proibia formalmente a todo general em armas de transpor essa fronteira sem expressa autorização. Ao transgredir a ordem, Júlio César violou a lei de Roma e declarou guerra ao Senado.

No instante em que Bolsonaro, isto é, Caio Júlio César atravessou o Rubicão exclamou: “Anerrifthô Kubos” traduzido em latim popular por “Alea jacta est” (A sorte está lançada).

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que disputou a eleição presidencial de 2018 contra Bolsonaro, ficou indignado com o tom provocador de Bolsonaro, que desafia claramente as instituições democráticas brasileiras. “O verme, mais uma vez, diz a que veio. Até quando os democratas suportarão tanta provocação, sem nada fazer? O dia do fora já chegou!”, cobrou.

O presidente do PDT, Carlos Lupi, também reagiu à manifestação de Bolsonaro. “É inadmissível que o presidente da República discurse em tom de apoio para manifestantes com cartazes que pedem volta da ditadura militar e do AI-5”, criticou. “O apóstolo da ignorância avança em seu projeto de destruição da democracia”.

O ex-candidato a presidente pelo PSOL, Guilherme Boulos, também foi duro ao denunciar o jogo perigoso do presidente da República. “Bolsonaro participou hoje de manifestação em defesa do AI-5 em frente a um quartel. Todos os limites já foram ultrapassados. E sobram razões jurídicas para retirá-lo da presidência: fraude eleitoral, crimes de responsabilidade e contra a saúde pública. Tem que sair com urgência!”

Os líderes do PT na Câmara e no Senado também foram incisivos em rechaçar o ataque do presidente da República. “Bolsonaro discursou hoje para manifestantes que participaram de um protesto em Brasília que, entre outras bandeiras, pedia o fechamento do Congresso e do STF”, criticou o líder Enio Verri (PT-PR). “Bolsonaro atenta contra a democracia”.

O senador Rogério Carvalho (SE), líder do PT no Senado, alertou que o país está entrando num pico de contágio do Covid-19 e que o presidente age de maneira inacreditável. “Quase 3 mil mortes e 40 mil casos oficiais. Mais de 200 novos mortos todos os dias pelo coronavírus e o irresponsável presidente do Brasil volta a promover aglomerações com seus militantes”, criticou. “Com tosse forte, Bolsonaro ainda encosta nos presentes”.

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Gleisi defende reação democrática contra golpismo de Bolsonaro
A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada Gleisi Hoffmann, foi ao Twitter nesta noite de domingo (19) para defender a necessidade de uma reação democrática diante do golpismo de Bolsonaro e de seus apoiadores.

“Nenhuma instituição pode ficar inerte diante de Bolsonaro, sob pena de ser cúmplice de seu desafio ao país e à democracia. Congresso, STF, Ministério Público, Forças Armadas, partidos políticos. Todos têm de reagir”, escreveu a dirigente petista.

Lula defende impedimento de Bolsonaro para barrar volta da ditadura
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu, neste domingo (19), nas redes sociais defendendo a adoção dos mecanismos democráticos para impedir o golpismo de Jair Bolsonaro. O chefe do executivo participou de ato em Brasília que pedia o AI-5, o fechamento do Congresso e do STF.

“A mesma Constituição que permite que um presidente seja eleito democraticamente têm mecanismos para impedir que ele conduza o país ao esfacelamento da democracia e a um genocídio da população”, apontou Lula no Twitter.

Neste domingo, bolsonaristas promoveram manifestações em diversas cidades do país em que pediram o fim da quarentena, a intervenção militar e um novo AI-5, com o fechamento do Congresso e o STF.

Gilmar Mendes e Barroso, do STF, criticam Bolsonaro por defesa de golpe contra a democracia
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso criticaram a participação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na manifestação deste domingo (19), em Brasília, que pediu um novo “AI-5” e o fechamento do Congresso Nacional e da Suprema Corte.

O ministro Luís Roberto Barroso cobrou reação ao aumento do tom usado pelo próprio presidente Jair e por seus apoiadores contra o Congresso Nacional. “É assustador ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia. Defender a Constituição e as instituições democráticas faz parte do meu papel e do meu dever. Pior do que o grito dos maus é o silêncio dos bons”, afirmou Barroso, em suas redes sociais, citando o líder do movimento negro americano Martin Luther King.

“Só pode desejar intervenção militar quem perdeu a fé no futuro e sonha com um passado que nunca houve. Ditaduras vêm com violência contra os adversários, censura e intolerância. Pessoas de bem e que amam o Brasil não desejam isso”, finalizou.

Já o ministro Gilmar Mendes disse que a crise do coronavírus só será superada com responsabilidade politica, união de todos e solidariedade. “Invocar o AI-5 e a volta da Ditadura é rasgar o compromisso com a Constituição e com a ordem democrática”, escreveu no seu perfil das redes sociais.

Bolsonaristas agridem cidadãos e imprensa em Porto Alegre
Um grupo de bolsonaristas protagonizou uma confusão distribuindo agressões durante uma manifestação em Porto Alegre contra o isolamento social, contra o Congresso e o STF.

O registro foi feito pela GaúchaZH e compartilhado pela deputada Fernanda Melchionna (PSOL). A parlamentar escreveu:

“Ódio gera ódio! No mesmo dia que Bolsonaro participa de manifestação por intervenção militar, em Porto Alegre bolsonaristas pedindo AI-5 agridem cidadãos e a imprensa. Isso não pode ser tolerado, os agressores devem ser identificados e responsabilizados.”

Também neste domingo, o presidente Bolsonaro participou de manifestação em Brasília em defesa da intervenção militar, pedindo um novo AI-5.

Bolsonaro subiu na caçamba de uma caminhonete e falou aos presentes. O discurso de improviso e sem microfone foi curto e ufanista. O presidente começou a tossir muito, disse algumas frases de efeito.

20 governadores divulgam ‘Carta Aberta em Defesa da Democracia’
Um documento assinado por 20 governadores está sendo publicado com o objetivo de defender a democracia nacional que vem sendo constantemente atacada por quem deveria ser seu principal defensor, o presidente Bolsonaro.

No texto, os governadores manifestam apoio aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre.

Os governantes ainda fazem um apelo ao diálogo e à união no combate à pandemia do Coronavírus.

O problema é que depois da participação de Bolsonaro em manifestação que pedia “intervenção militar” neste domingo, parece que o diálogo vai ficando cada vez mais difícil.

Leia a íntegra:

FÓRUM NACIONAL DE GOVERNADORES

CARTA ABERTA À SOCIEDADE BRASILEIRA EM DEFESA DA DEMOCRACIA

O Fórum Nacional de Governadores manifesta apoio ao Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, e ao Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, diante das declarações do Presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre a postura dos dois líderes do parlamento brasileiro, afrontando princípios democráticos que fundamentam nossa nação.

Nesse momento em que o mundo vive uma das suas maiores crises, temos testemunhado o empenho com que os presidentes do Senado e da Câmara têm se conduzido, dedicando especial atenção às necessidades dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios brasileiros. Ambos demonstram estar cientes de que é nessas instâncias que se dá a mais dura luta contra nosso inimigo comum, o coronavírus, e onde, portanto, precisam ser concentrados os maiores esforços de socorro federativo.

Nossa ação nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios tem sido pautada pelos indicativos da ciência, por orientações de profissionais da saúde e pela experiência de países que já enfrentaram etapas mais duras da pandemia, buscando, neste caso, evitar escolhas malsucedidas e seguir as exitosas.

Não julgamos haver conflitos inconciliáveis entre a salvaguarda da saúde da população e a proteção da economia nacional, ainda que os momentos para agir mais diretamente em defesa de uma e de outra possam ser distintos.

Consideramos fundamental superar nossas eventuais diferenças através do esforço do diálogo democrático e desprovido de vaidades.

A saúde e a vida do povo brasileiro devem estar muito acima de interesses políticos, em especial nesse momento de crise.

Assinam a Carta:

  • RENAN FILHO – Governador do Estado de Alagoas
  • WALDEZ GÓES – Governador do Estado do Amapá
  • RUI COSTA – Governador do Estado da Bahia
  • CAMILO SANTANA – Governador do Estado do Ceará
  • RENATO CASAGRANDE – Governador do Estado do Espírito Santo
  • RONALDO CAIADO – Governador do Estado de Goiás
  • FLÁVIO DINO – Governador do Estado do Maranhão
  • MAURO MENDES – Governador do Estado de Mato Grosso
  • REINALDO AZAMBUJA – Governador do Estado de Mato Grosso do Sul
  • HELDER BARBALHO – Governador do Estado do Pará
  • JOÃO AZEVÊDO – Governador do Estado da Paraíba
  • PAULO CÂMARA – Governador do Estado de Pernambuco
  • WELLINGTON DIAS – Governador do Estado do Piauí
  • WILSON WITZEL – Governador do Estado do Rio de Janeiro
  • FÁTIMA BEZERRA – Governadora do Estado do Rio Grande do Norte
  • EDUARDO LEITE – Governador do Estado do Rio Grande do Sul
  • CARLOS MOISÉS – Governador do Estado de Santa Catarina
  • JOÃO DORIA – Governador do Estado de São Paulo

Brasília, 18 de abril de 2020.