O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, anunciou seu pedido de demissão em entrevista coletiva nesta sexta-feira, 24 de abril.
O ex-juiz da Lava Jato usou como pretexto para deixar o cargo, que ocupou desde 1º de janeiro de 2019, a exoneração “a pedido” de Maurício Leite Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal.
O decreto com a exoneração de Valeixo está publicado no Diário Oficial da União desta sexta-feira (24), no entanto, segundo o agora ex-ministro da Justiça, não houve “pedido” de demissão por parte do diretor-geral da PF nem sua anuência [de Moro] para o ato.
O documento é assinado pelo presidente da República e pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.
Na coletiva desta sexta, Sérgio Moro ressaltou que o presidente Jair Bolsonaro não o queria no cargo de ministro da Justiça.
Aqui o leitor encontra um resumo do pedido de demissão (vídeo):
Bolsonaro cometeu falsidade ideológica ao incluir assinatura de Moro em decreto
O agora ex-ministro e ex-juiz Sérgio Moro afirmou que não assinou o decreto de exoneração de Maurício Leite Valeixo e que foi pego de surpresa com o decreto. Isso significa que o presidente cometeu crime de falsidade ideológica ao incluir a assinatura de Moro sem que ele soubesse.
Também não verdade que o pedido de exoneração tenha sido a pedido do ex-diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Leite Valeixo. O que seria mais um ato de falsidade ideológica.
Sérgio Moro fez um pronunciamento nesta sexta-feira (24) anunciando a sua saída do ministério de Bolsonaro. Moro jogou b**** no ventilador ao explicitar que a intenção de Bolsonaro era ter controle político da Polícia Federal.
Essa fala de Moro piora bastante o isolamento de Bolsonaro, que já está encrencado por causa dos ataques ao Legislativo e o Judiciário.
Bolsonaro já escolheu o substituto de Moro
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já escolheu quem substituirá Sérgio Moro no Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Segundo o jornal O Globo, trata-se de Jorge Oliveira, atual ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência.
Três fontes ligadas a Bolsonaro ouvidas pelo jornal dão como certa que a saída de Moro do governo federal promoveria a transferência de Oliveira, que hoje acumula a Subchefia de Assuntos Jurídicos (SAJ) e é major da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal.
Dino sobre coletiva de Moro: ‘Confessou mais uma ilegalidade’
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) usou as suas redes para afirmar que ficou espantando com a revelação feita por Sérgio Moro de que teria acertado uma pensão com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quando aceitou o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública.
“Moro, infelizmente, confessa mais uma ilegalidade: pediu pensão ou algo similar pra aceitar um cargo em comissão. Algo nunca antes visto na história. E tal condição foi aceita? Não posso deixar de registrar o espanto”, escreveu Dino no Twitter.
Durante a coletiva de imprensa nesta sexta-feira (24) para anunciar sua saída do governo federal, Moro revelou que a “única condição” que colocou a Bolsonaro para assumir o ministério foi que sua família não ficasse desamparada se alguma coisa o acontecesse.
“Assumi esse cargo, fui criticado, entendo essas críticas. O objetivo era aprofundar o combate à corrupção. Uma única condição eu coloquei, não ia revelar, mas agora não faz mais sentido esconder. Como eu estava abandonando 22 anos de magistratura perdi a previdência. Pedi apenas que se algo me acontecesse, que a minha família não ficasse desamparada, sem uma atenção. Foi a única condição que coloquei para assumir o ministério da Justiça”, afirmou Moro.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.