A oportunidade faz o ladrão, diz o ditado popular. E o Congresso vê o cavalo encilhado passando com a crise do coronavírus, por isso trama votar matérias espinhosas que dificilmente passariam em tempos de normalidade, a exemplo da reforma administrativa e mais privatizações.
O plenário da Câmara, mesmo sem quórum, está reunido para votar uma medida provisória de Jair Bolsonaro que reconhece o estado calamidade pública por causa do COVID-19.
Onde passa um boi, passa uma boiada. Ou seja, Câmara e Senado podem usar a comoção para votar matérias polêmicas sem observar os quóruns qualificados para tal.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, já enfiou os jabutis da reforma administrativa e da privatização da Eletrobras nesse pacote.
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O governo quer meter a mão de R$ 600 bilhões entre ativos e desmantelamento do serviço público essencial. Em contrapartida, Bolsonaro e Guedes prometem R$ 80 bilhões de dinheiro velho (remanejamento) de orçamento.
Para quem sabe operações simples de matemática, o triunvirato neoliberal –Maia, Alcolumbre e Toffoli– quer formar um superávit primário de R$ 600 bilhões para pagar os juros dos bancos, mas planejam “disponibilizar” a miséria de R$ 80 bilhões para alguns setores.
Em síntese: o Congresso, com a retaguarda da velha mídia, prepara um golpe para salvaguardar os interesses dos banqueiros e, mais uma vez, ferrar o povo brasileiro.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.