Taxa Selic cai para 3,75% ao ano, mas e daí? Nada

O presidente Jair Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, estão tratando paciente diabético com marmelada. É o caso da redução da taxa Selic em 0,5 ponto, que caiu para 3,75% ao ano.

O problema da economia não é somente a taxa de juros, mas a recessão na economia brasileira. Há uma crise de produção e, consequentemente, falta de consumidores porque inexistem salários com poder de compra.

Se juro zero fosse sinônimo de atividade econômica plena, por óbvio, a Antártica seria a localidade mais desenvolvida e mais próspera do planeta.

LEIA TAMBÉM
Bolsa vira pó e Dólar bate no Céu; perdas chegam a R$ 2,8 tri em 2020

Orlando Silva será o relator do Decreto de Calamidade Pública

Bolsonaro reclama que mídia divulga panelaço contra ele

Economia

Ironia à parte, a Antártica é uma área inabitada e, embora tenha juro zero, a economia naquela plaga igualmente é zero.

O que determina a pujança econômica de uma nação são o emprego e a renda. Esses dois fundamentos foram duramente atacados nos últimos anos com as reformas da previdência e trabalhista, que ampliaram o desemprego, arrocharam os salários, e dificultam a circulação de dinheiro.

A resposta de Guedes e Bolsonaro à crise, por meio do decreto de Calamidade Pública, é insuficiente porque o governo está vendo o coronavírus como mais uma oportunidade para completar o ajuste neoliberal nas costas dos trabalhadores. Vide a privatização da Eletrobras e a reforma administrativa.

Bolsonaro e Guedes deveriam ouvir mais o Copom (Comitê de Política Monetária), que, na reunião de hoje, reiterou que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, além de taxas de juros abaixo da taxa estrutural.