De repente, Bolsonaro começou a “entender” de economia

O ex-senador Roberto Requião (MDB-PR) tem uma máxima que vem a calhar no caso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido): “com fogo no rabo até preguiça corre.”
No último ano e três meses, Bolsonaro repetiu como se fosse um mantra que nada entendia de economia e que esse assunto era da pasta do “Posto Ipiranga” (ministro Paulo Guedes, da Economia).

Era um expediente que o presidente vinha usando para eximir-se da responsabilidade pelo pibinho, aumento de desemprego, volta da fome e da miséria, empobrecimento da classe média, queda nas exportações, recessão, disparada do dólar, e crescimento dos lucros dos bancos.

Pois bem, veio a pandemia do coronavírus –o COVID-19—e o cargo do presidente Bolsonaro corre perigo. Nunca se falou tanto no impeachment quanto agora, momento em que rufam as panelas nas janelas de casas e apartamentos em bairro grã-finos de todo o País.

Nesta sexta-feira (20), por exemplo, na saída do Palácio do Alvorada, além de anunciar que será submetido a um terceiro teste de coronavírus, Bolsonaro discorreu sobre a economia como se fosse um candidato ao “Nobel da Economia”.

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Dentre os pontos que o presidente da República destacou estão:
• O fechamento de empresas e comércios pode ampliar o quadro de recessão;
• O voucher de R$ 200 pode ser pouco, mas pode amenizar o sofrimento de 15 milhões de pessoas;
• A crise econômica será debitada na conta dele, Bolsonaro, e pode fortalecer a ideia de impeachment;
• Os temidos “saques famélicos”, que aterrorizavam a burguesia até os anos 90, podem voltar com a ampliação do desemprego e a miséria.

Bolsonaro sacou que virou refém de uma pauta econômica das corporações de mídia (Globo, Folha, Estadão, Veja, et caterva) e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, virou um serviçal desses interesses imediatos.

Portanto, o presidente da República só tem uma saída para a crise economia cavada por ele, mídia e o titular da Economia: demitir Paulo Guedes e mandar para o espaço a política fiscalista e de austeridade; retomar o desenvolvimentismo visando preservar salários, atingir o pleno emprego e ampliar o consumo.

A última proposta do “Posto Ipiranga” e do governo –cortar salário e jornada pela metade—é a sentença de morte de Bolsonaro, o impeachment, a pá de cal que falta para Globo.

Resumo da ópera: Bolsonaro caiu na armadilha da velha mídia ao acreditar na infalibilidade do “Posto Ipiranga” e entregar a caneta para Guedes.