Coronavírus é usado como ‘freio de arrumação’ na economia dos EUA

Federal Reserve (Fed), o banco central americano, reduziu hoje as taxas de juros para quase zero. No Brasil, Bolsonaro e seu “Posto Ipiranga” (Paulo Guedes) mantêm a fé cega no neoliberalismo econômico.

Há uma crise de superprodução no capitalismo que fez travar as economias globais. Por isso, enquanto autoridades sanitárias tentam aplacar o coronavírus, as autoridades financeiras utilizam o Covid-19 como ‘freio de arrumação’ na equação produção/consumo.

É nesse contexto que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, reduziu hoje as taxas de juros para quase zero.

O Fed também apresentou um conjunto abrangente de programas – incluindo planos para recuperar grandes quantidades de dívidas lastreadas por governos e hipotecas – em um esforço para conter a economia dos Estados Unidos, pois, na avaliação do órgão, a disseminação do coronavírus representa uma ameaça terrível ao crescimento econômico.

“O surto de coronavírus prejudicou comunidades e interrompeu a atividade econômica em muitos países, incluindo os Estados Unidos”, disse o banco central em comunicado no domingo (15). “O Federal Reserve está preparado para usar toda a sua gama de ferramentas para apoiar o fluxo de crédito para famílias e empresas”.

Em uma entrevista coletiva na tarde de domingo, o presidente Donald Trump felicitou o Federal Reserve pelo corte na taxa de juros para quase zero.

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“Isso me deixa muito feliz”, disse ele.

Além de reduzir sua taxa de juros em um ponto percentual completo, retornando-a para uma faixa de 0 a 0,25%, o Fed disse que aumentaria sua participação em títulos do Tesouro em pelo menos US$ 500 bilhões e sua participação em títulos públicos lastreados em hipotecas em pelo menos US$ 200 bilhões “nos próximos meses”.

“O comitê continuará monitorando de perto as condições do mercado e está preparado para ajustar seus planos conforme apropriado”, afirmou o banco

O Fed também incentivou os bancos a usarem sua janela de descontos, que fornece acesso imediato ao financiamento, e disse que estava “incentivando os bancos a usar seus amortecedores de capital e liquidez enquanto emprestam a famílias e empresas”.

O Fed também eliminou os requisitos de reserva bancária – um conjunto de esforços destinados a liberar dinheiro para os bancos continuarem emprestando. Ou seja, o esforço é para que o dinheiro injetado reanime a economia americana.

No Brasil a discussão ainda é incipiente

Apesar de a economia brasileira também estar contaminada pelo “coronavírus”, o governo de Jair Bolsonaro quase nada fez de concreto para recuperá-la. Até agora, o “Posto Ipiranga” (ministro Paulo Guedes) não se curvou às evidências e mantém sua fé cega no neoliberalismo, isto é, na redução do Estado como panaceia dos problemas anticíclicos.

A dificuldade de Guedes e Bolsonaro, bem como a velha mídia, que é controlada pelos fundos de especulação, é entender que o Estado é fundamental para induzir o desenvolvimento e gerar empregos.

A fé cega no liberalismo econômico, associada com interesses de bancos, afastam os conceitos da escola keynesiana que defende a forte intervenção econômica do Estado com o objetivo principal de garantir o pleno emprego e manter o controle da inflação.