O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), com medo de sofrer impeachment, anunciou nesta terça (17) a formação de um comitê anticrise para enfrentar o coronavírus.
Desde o início da pandemia, o presidente vinha tratando com desdém o avanço do COVID-19 no Brasil. Hoje, as autoridades sanitárias confirmaram duas mortes no País.
Neste domingo (15), contrariando a orientação de infectologistas, Bolsonaro saiu do recomendado isolamento para cumprimentar correligionários que protestavam contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), continuou na ofensiva hoje ao criticar a falta de ação de Bolsonaro no combate ao coronavírus. Segundo o parlamentar, as fronteiras e restrições à circulação de pessoas já deveriam ter ocorrido.
No contexto de coronavírus, ameaça de ruptura democrática e de estabelecimento de votação virtual na Câmara e no Senado, Maia afirmou que o Congresso nunca vai fechar. “O Congresso brasileiro fechou só na ditadura e não vai fechar mais”, prometeu.
Nesta tarde, bolsonaristas promoviam nas redes sociais a convocação de manifestação contra o STF e o Congresso no próximo dia 31 de março.
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Tentando sair das cordas, o presidente Jair Bolsonaro nomeou o ministro-chefe da Casa Civil, general Walter Braga Netto, para coordenar um comitê anticrise de supervisão e monitoramento da crise provocada pela pandemia no coronavírus no País.
Por causa da displicência com o coronavírus, que causa catarse na sociedade, Bolsonaro sentiu o bafo quente do impeachment na nuca.
A velha mídia já tem até um substituto de estimação, que é Rodrigo Maia.
Nesse episódio do coronavírus, o presidente da Câmara é apresentado como uma espécie de primeiro-ministro. É ele quem faz pronunciamentos “sóbrios” sobre o enfrentamento da pandemia e a crise na economia. Bolsonaro é tratado pela mídia como bobalhão da corte, aquele “cunhado” que você convida por obrigação.
Durante o dia de hoje, os barões da mídia se animaram com um triunvirato neoliberal formado pelos presidentes da Câmara, Senado e STF. Eles seriam os responsáveis por tocar a agenda econômica, que vai tratar da privatização da Eletrobras (empresa que vale R$ 200 bilhões) e a reforma administrativa (desmantelamento do Estado para reforçar o superávit primário em R$ 400 bilhões visando o pagamento do juro da dívida interna).
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.