Central Única das Favelas pede medidas para conter o coronavírus nas comunidades


A Central Única das Favelas (Cufa), ong que atua em favelas de todo o país, reivindicou uma série de medidas para evitar que a epidemia de coronavírus se alastre entre os moradores das comunidades faveladas.

Segundo a entidade, as iniciativas anunciadas até o momento pelo governo Bolsonaro não contemplam boa parte dos moradores de favelas. “Sabemos que são necessárias bem mais ações para alcançar um público que ficou de fora das medidas formais adotadas até aqui”, afirma a Cufa. “Em particular os que se encontram economicamente fragilizados e habitantes em território de desigualdade.”

O público em questão, segundo a entidade, é formado por 77 milhões de pessoas que estão no Cadastro Único (CadÚnico, utilizado pelo governo para programas sociais), incluindo 66 milhões de pessoas cuja renda é inferior a meio salário mínimo, 41 milhões que estão no Bolsa Família e 11 milhões cuja renda não alcança um salário mínimo.

Entre as medidas propostas estão a distribuição gratuita de água, sabão, álcool em gel e água sanitária; aluguel de quartos de hotéis ou pousadas para idosos e grupos vulneráveis; parcerias com locadoras de automóveis e serviços de transporte para locomoção imediata de pessoas infectadas; liberação de pontos de internet para a população; e criação de um programa de renda mínima para as famílias inscritas no Cadastro Único.

De acordo com a entidade, essas medidas, além de humanitárias, visam preservar o Sistema Único de Saúde (SUS) de um colapso, “frente ao contingente projetado de pessoas infectadas”.

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As medidas propostas pela Cufa para conter o coronavírus nas favelas:

  • Distribuição gratuita de água, sabão, álcool 70º em gel e água sanitária em quantidade suficiente para cada morador das favelas brasileiras.
  • Organização de mutirões do Sistema S e das Centrais de abastecimento para a distribuição de alimentos durante os meses de março, abril, maio e junho, períodos em que são esperadas muitas pessoas infectadas pelo novo coronavírus.
  • Aluguel de pousadas ou hotéis para idosos e grupos vulneráveis com estrutura para repouso; nas favelas, na maioria dos lares, não há possibilidade de isolamento, o que compromete a saúde de todos.
  • Parceria com agências locadoras de veículos ou com operadores de transportes de passageiros (vans e ônibus) para a locomoção imediata de pessoas infectadas para centros de saúde, quando houver indicação médica.
  • Instituição de programa de renda mínima para as famílias inscritas no Cadastro Único e adicional de renda para os cadastrados no Bolsa Família.
  • Aumento do apoio financeiro para famílias inseridas no programa de tarifas sociais.
  • Decreto apoiando economicamente as micro e pequenas empresas que tenham autorizado seus funcionários a permanecer em casa (sem desconto no pagamento).
  • Apoio às empresas de água, luz e gás que isentarem do pagamento famílias com renda de até 4 salários mínimos, durante 60 dias.
  • Incentivo para que a população compre dos pequenos comerciantes, mais frágeis diante dos problemas econômicos.
  • Liberação de pontos de internet junto às empresas de fibra ótica para garantir acesso universal à rede. Isso é primordial para a comunicação de medidas de prevenção e cuidados para a população.
  • Financiamento para as redes de comunicação próprias de cada favela: rádios comunitárias, sites, jornais impressos ou virtuais, TVs.
  • Apoio financeiro específico para as famílias das crianças que estarão impedidas de frequentar as creches.
  • Apoio financeiro específico para famílias com pessoas portadoras de deficiência.
  • Criar uma rede de comunicação com apoio técnico do Ministério da Saúde para filtrar e fazer verificações, em tempo real, das informações compartilhadas em redes sociais para as favelas.
  • Ampliação das equipes de saúde da família para prevenir e informar as favelas, para que se evite lotação nos hospitais.

A entidade lançou neste domingo (22) uma campanha de prevenção do Covid-19 entre os moradores de favelas.