Bolsonaro ainda tem apoio popular porque ninguém propõe algo novo

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) virou a nova Geni da velha mídia, que o apoiou em 2018. Em outro cenário, se balançassem muito cairia como uma laranja podre.

Os jornalões criticam o “Capetão” pela grosseria, falta de educação, misoginia, racismo, homofobia, autoritarismo, relação com a milícia, etc. Adjetivos não faltam ao Coiso, e com razão.

Apesar do bombardeio diuturno da mídia, setores da direita verdadeiramente liberal e da oposição, Bolsonaro continua com aprovação alta. Segundo os institutos de pesquisa, um terço apoia o governo.

Mas, afinal, por que Bolsonaro mantém essa empatia com o eleitorado?

Ora, simplesmente porque jornalões e oposicionistas não apresentam nada de diferente em termos de projeto de nação e de economia.

Escaldado, o povo sabe que trocar seis por meia dúzia é tiro no pé.

Economia

Bolsonaro é pró-mercado, contra os trabalhadores; os barões da velha mídia também apoiaram a retirada de direitos da classe obreira e ampliação de privilégios para o sistema financeiro. Nisso, eles são farinha do mesmo saco.

A história de que a democracia corre riscos e que um regime autoritário pode ser instaurado no País não sensibiliza o cidadão médio, muito menos os bolsominions.

O que poderia movimentar a massa, levá-la para a rua, são os temas relacionados ao seu bem-estar material objetivo. Traduzindo: emprego, renda, acesso a serviços públicos de qualidade, capacidade de consumo.

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O “ninguém” utilizado no título acima é apenas retórica. “Nenhuma pessoa” propõe coisas diferentes do que aí está seria exagerado demais. Há algumas personalidades, isoladas, sustentando a bandeira nacionalista e um projeto de nação. Pouquíssimas.

A mudança leopardiana proposta pela velha mídia e setores da esquerda [até], no entanto, que muda para ficar tudo como está, não convence nem uma criancinha de seis anos. Por isso Bolsonaro continua se sustentando no poder e é candidatíssimo a permanecer no cargo por mais 4 anos, a partir de 2022.

Eles querem continuar o legado de Bolsonaro, que, em um ano e meio significou:

• Apagão no INSS
• Apagão no emprego
• Apagão nos combustíveis
• Apagão nas aposentadorias
• Apagão nas empresas públicas
• Apagão na saúde
• Apagão na educação
• Apagão ambiental
• Fortalecimento da milícia
• Aumento lucro dos banqueiros

Quando tiverem coragem de levantar a bandeira do plebiscito revogatório para anular as barbaridades dos últimos anos, tais como as reformas da previdência e trabalhista, defenderem uma Assembleia Constituinte, aí sim teremos algo de novo para falar ao povo. Aí, o castelo de cartas chamado Bolsonaro começará a desmoronar e a confiança na oposição se restabelece.

Note o caríssimo leitor que a velha mídia, que hoje reclama de Bolsonaro, é a mesma que o alimentou durante a campanha presidencial contra o PT, Lula e Haddad. Trocando em miúdos, os jornalões cevaram o fascismo e agora podem ser devorados por ele.

A burguesia paulistana quer derrotar o Cramunhão, mas não quer abrir a mão da espetacular acumulação às custas do empobrecimento e da miséria de milhões de brasileiros. Eis o dilema, eis a trava. Eis por que setores oposicionistas relutam em romper com esse estado de coisas: acreditam que podem chegar ao poder, no lugar de Bolsonaro, mantendo tudo como está.

Bolsonaro ainda tem aprovação relativamente alta por causa da inconsistência de oposicionistas e da titubeação da burguesia, sobretudo da classe média.

O povo continua revolucionário, pode apostar, esperando a vanguarda descer do muro.