Em crise e na defensiva, sindicatos perdem 1,5 milhão de filiados no país


Os sindicatos perderam mais de 1,5 milhão de trabalhadores filiados entre 2017 e 2018. Os dados são da Pnad Contínua, divulgada nesta quarta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa de filiação aos sindicatos também caiu na proporção com o número de trabalhadores ocupados, atingindo 12,5%. Trata-se do menor patamar registrado pela pesquisa, iniciada em 2012.

Dos 92,3 milhões de brasileiros ocupados em 2018, apenas 11,5 milhões declararam ter alguma ligação com entidades sindicais. O número segue tendência de queda desde 2016, quando a quantidade de associados foi de 13,5 milhão, equivalente a 14,8% de todos os ocupados naquele ano. Em seis anos, as entidades perderam mais de 2,9 milhões de trabalhadores sindicalizados.

Segundo a analista do IBGE, Adriana Beringuy, a queda na sindicalização está associada ao aumento da informalidade no mercado brasileiro e às recentes reformulações na reforma trabalhista, de 2017, que estabeleceu como opcional a contribuição sindical.

“Temos cada vez menos trabalhadores com esse tipo de vínculo (carteira assinada) e os conta própria têm ganhado espaço nessa distribuição. Como são eles que crescem na ocupação, e possuem uma taxa menor de contribuição, no cômputo geral, (o sindicalismo) acaba tendo uma tendência de queda”, explica.

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Em 2018, o número de pessoas ocupadas na informalidade chegou a 35,4 milhões, em média — outro recorde da pesquisa Pnad Contínua. Esse número engloba os trabalhadores no setor privado (11,2 milhões) e empregados domésticos sem carteira de trabalho assinada (4,4 milhões), além de empregadores (905 mil) e trabalhadores por conta própria sem CNPJ (18,8 milhões).

Segundo Beringuy, parte desse crescimento da informalidade foi sustentada por ocupações que não possuem grande articulação sindical, como os motoristas por aplicativo, por exemplo, o que ajuda explicar a queda do sindicalismo brasileiro.