Educação digna é um direito e vale a luta, por Enio Verri

O Paraná é um dos estados mais ricos e desenvolvidos do Brasil. Ele possui recursos energéticos relevantes, como água e petróleo, um solo extremamente fértil, indústrias de ponta, que vão do refino de petróleo à informática, passando pela agropecuária. Também são do Paraná seis universidades estaduais que são referências nacionais. Toda essa riqueza foi construída pelas mãos da classe trabalhadora paranaense. Enfim, o estado tem todas as capacidades e competências para ser um lugar de prosperidade em todos os campos, desde o econômico ao social, passando pelo cultural e o tecnológico.

Porém, mesmo com tantos atributos, a esperança paranaense de um estado, além de rico e justo, vem sendo solapada num histórico recente de governos alinhados ao que há de mais atrasado e escravocrata, a elite local. Os últimos três governos paranaenses foram eleitos para servirem ao mercado privado, principalmente ao financeiro. As políticas impostas por Richa e Ratinho Júnior atendem a uma minoria da população sem ligação alguma com o Paraná, a não ser o inconfessável desejo de explorá-lo ao máximo que puder, concentrando para si as riquezas geradas pelo beneficiamento do que é, ou deveria ser, de todos os paranaenses. E não é cegueira política e nem falta de assessoramento dos governadores, apenas o fiel cumprimento de uma agenda ultraliberal.

Os mandatários sabem perfeitamente que trabalharam e trabalham pelo atraso do estado. Não se pode pretender colher morangos plantando cebolas. E é isso que governos recentes têm feito, destroem a capacidade de o Estado investir no seu desenvolvimento, na esperança de ter um estado rico e avançado. Ora, quando um sindicato é obrigado a entrar na justiça para impedir que esse ou aquele governo retroceda nas políticas para a educação, por exemplo, a sociedade deve pensar que tipo de governador é esse que destrói um dos poucos caminhos que a classe trabalhadora tem de se projetar na vida. Filhos de ricos, como os dos recentes governadores, estudam em escolas privadas, onde pobres não entram, a não ser quando um ou outro consegue uma bolsa de estudos.

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Economia

No Paraná, a negligência com a educação já rendeu a operação Quadro Negro, que investiga o desvio de verbas para a educação que deixaram de reformar e construir escolas para milhares de estudantes pobres do estado. Mais recentemente, o atual governador decidiu, intempestivamente e sem consultar a comunidade e a APP-Sindicato, extinguir turmas e acabar com o Ensino Noturno. Com outra medida, tão covarde e nefasta quanto as outras, às vésperas do Natal, o governador Ratinho Júnior cancelou os contratos dos professores em regime de contratação PSS, sem previsão se recontratação. São ações que demostram o desprezo que Ratinho Júnior tem pelos paranaenses e pelo o estado, que deixará de se desenvolver. Ele obstaculiza ainda mais o acesso e alija os pobres de alcançarem uma vida mais digna, por meio dos estudos.

Ora, não é possível acreditar que os governos não saibam que estão promovendo o atraso dos paranaenses e do estado como um todo. A sociedade deve refletir sobre essa situação. Não se pode esperar um estado desenvolvido e rico quando os seus administradores governam para uma pequena casta de privilegiados. Para esse grupo, o capital cultural será construído continuamente, em escolas bem estruturadas, com ensino regular e atividades em contraturno. Já para a grande maioria da população, o que se oferece é o fechamento de turmas e o consequente entupimento de salas de aula, supressão do Ensino Noturno, desvalorização e demissão de professores.

Não se tem notícias de estado, ou país, que tenha se desenvolvido com desinvestimentos em educação. Pelo contrário, nessas condições, encontra-se estados e países subdesenvolvidos, dependentes de tecnologia externa e com uma população despreparada, porque foi negada a ela as condições mínimas de superar as realidades econômicas e sociais postas. Nesse sentido, desejo que o espírito do Natal conscientize o povo paranaense e lhe ofereça ânimo e organização para enfrentar um governo claramente plutocrata, que deve ser combatido de uma forma tão contundente que o faça compreender, de uma vez por todas, que ele governa para o conjunto dos paranaenses e não para o pequeno grupo que ele representa. À luta, paranaenses, o Paraná é muito maior e mais importante que esse passageiro governo.

*Enio Verri é economista e professor licenciado do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e está deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores do estado do Paraná.