Comandante da tropa que fuzilou músico no Rio alega ‘susto’ dos militares


O tenente do Exército Ítalo Nunes, comandante da tropa que fuzilou com 80 tiros o músico Evaldo Rosa e o catador Luciano Macedo, afirmou na Justiça Militar da União, nesta segunda-feira (16), que os militares estavam assustados no momento dos tiros.

De acordo com o portal Extra, Nunes contou às autoridades que pouco antes do fuzilamento, ocorrido no mês de abril no bairro de Guadalupe, no Rio de Janeiro, os militares participaram de uma troca de tiros contra criminosos da favela do Muquiço. “Os traficantes diziam pelo rádio que queriam ver sangue jorrando por debaixo da viatura. O pessoal estava meio assustado”, disse.

Durante o depoimento, o tenente negou ter participado do fuzilamento que matou Evaldo e Luciano, mesmo sendo responsável por 77, dos 257 disparos. O carro do músico foi perfurado por 62 balas. Ítalo ainda acusou o catador de estar armado e de ter atirado contra os militares. Além disso, alegou ter visto a vítima minutos antes num assalto e declarou ter dúvidas de que Luciano era realmente trabalhador de reciclagem.

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“O Luciano assaltava um Siena, atirou contra os militares e fugiu. Mais à frente o vi novamente ao lado do Ford Ka atirando em nossa direção”, afirmou Nunes, que teve sua versão tratada como “fantasiosa” pelo Ministério Público Militar, já que no dia os militares não encontraram nenhuma arma sob posse do catador.

“Essa versão não tem respaldo nenhum nos autos do processo. É uma construção da defesa. Mas não há provas que sustentem essa versão. Testemunhas presenciais viram a cena, o carrinho que Luciano carregava estava naquele local, nenhuma arma foi encontrada com Luciano”, argumentou a promotora Najila Palm.