A omissão custará caro aos paranaenses, por Enio Verri

Desde ontem, diversas categorias profissionais do serviço público do Paraná foram obrigadas, pelo governador, Carlos Massa Ratinho Júnior, a se lançarem num evitável estado de greve, fosse o estado governado por alguém com interesse no desenvolvimento no seu desenvolvimento. Um lugar que ele já encontrou já bem desenvolvido, sem a sua colaboração. Pelo contrário, foi neste estado que o pai do governador fez fortuna, mas, infelizmente, não ensinou o filho a respeitar os paranaenses. Porém, respeito tem quem se dá. O que leva servidores das áreas da educação, segurança, agricultura, infraestrutura se colocarem em greve é para chamar a atenção da sociedade para o fato de que o governador está destruindo um dos principais motores da economia de qualquer Estado que se preze, o serviço público.

A exemplo do governo federal, o governador segue o receituário ultraliberal e vai transformar o Paraná numa fazenda com mão de obra barata e sem qualificação. Ao mesmo tempo em que ele destrói as universidades, tentando transforma-las em oficinas superespecializadas à disposição da agenda do mercado privado, com o consequente fechamento de cursos de Humanas, ele fecha o Ensino Médio noturno. Numa canetada, Ratinho exclui do acesso à educação mais de 110 mil dos 340 mil estudantes paranaenses. Esses servidores estão se desgastando em um processo de greve para dizer que o sucateamento e, posterior desaparecimento do serviço público, será muito mais caro e ausente para a população pobre. A política do governador para a educação, formação acadêmica e produção científica é a do aniquilamento. Sim, infelizmente, a população é obrigada a assistir uma greve para enfrentar um governador que despreza o Paraná e os paranaenses.

A paralisação dos trabalhadores é para garantir que toda a população do estado tenha o direito a serviços públicos de qualidade. A sociedade, principalmente as classes pobre e média-média, tem um governador que age ostensivamente para arrancar direitos pelos quais essas classes terão de pagar com a privatização do Estado. É urgente que os paranaenses se unam aos bravos servidores para impedir que Ratinho destrua a possibilidade deste estado ser de todos os paranaenses. O governador não cumpriu compromisso firmado nas eleições. Durante a campanha, ele disse que valorizaria o servidor público e pagaria o reajuste, atrasado desde 2016, cuja defasagem já está 17%. Porém, não pagou nem mesmo os 4,94%, a título de recomposição da inflação 2018-2019, prometidos depois de uma greve. A sociedade paranaense tem de compreender, de uma vez por todas que, quem vai sofrer sem o serviço público é quem depende dele e não os ricos. Esses, quando não têm alguém para fazê-los usar a máquina pública, usam mesmo a iniciativa privada.

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A bem da sobrevivência, a sociedade paranaense deve se desintoxicar do ódio que nela foi inoculado contra tudo que tenha a ver com a luta da classe trabalhadora. Devido a uma campanha sustentada por certa parte da imprensa, lutar por direitos remete a política, a sindicatos, partidos políticos que, ao longo de anos, foram expostos de forma negativa, nas tevês, nas rádios, nas revistas, nos jornais e na internet. Hoje, se alguém chamar um colega de trabalho para uma reunião no sindicato, para tratar das táticas necessárias no sentido de alcançar um objetivo de uma luta em comum, é possível perder a amizade e ser malvisto, como se fosse coisa de comunista, como se isso fosse um mal em si. Porém, não se tem notícia na História Contemporânea de capitalistas que defenderam a classe trabalhadora. Pelo contrário, a classe trabalhadora sempre foi usada para produzir a riqueza do capitalista, que a acumula mais, aumentando a distância entre o seu poder e o dos trabalhadores. Ao longo da história, o processo de civilizar as relações entre o capital e o trabalho se deram debaixo de muita luta, que custara o suor e o sangue de um grande contingente de trabalharas e trabalhadores.

É ela, a classe trabalhadora que, segundo Karl Marx, tudo produz. Dessa forma, defender direitos dos trabalhadores, acesso da população a hospitais universitários e estudantes ao ensino noturno não é coisa de comunista, apenas. As primeiras reações à ultra-exploração do capital sobre o trabalho foi na Inglaterra, berço da Revolução Industrial. Quem faz o enfrentamento às covardes políticas ultraliberais do governador são os deputados de oposição e os sindicatos dos trabalhadores de todas as categorias. O engajamento da sociedade é fundamental. É muito importante o apoio dos pais aos professores do filho que estão na luta por uma educação melhor para seu aluno. Assim como é fundamental o apoio de toda a sociedade que não encontrar um servidor nas Secretarias de Segurança, de Saúde, de Agricultura. Todas essas pessoas estão lutando, enfrentando políticas que corroem o Estado Democrático de Direito. Ou a sociedade se engaja nessa luta, que é de todos, ou pagará muito caro pela omissão.

*Enio Verri é economista e professor licenciado do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e está deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores do estado do Paraná.