Vaza Jato confirma que grampo foi para derrubar Dilma e prender Lula

O então juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa Lava Jato, só divulgaram os grampos telefônicos em março de 2016 porque desejavam depor a presidenta Dilma Rousseff (PT) e prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A nova reportagem da Vaza Jato, divulgada neste domingo (24) site The Intercept Brasil e o jornal Folha de São Paulo, comprova que houve conluio entre julgador (juiz) e acusador (Ministério Público Federal) com o fim de impedir a nomeação de Lula para a Casa Civil.

A nova Vaza Jato revela que Moro não agiu dentro do padrão ao levantar sigilo nas escutas telefônicas, pois, segundo levantamento à época, o juiz somente tornou públicas as gravações de conversas de Lula com a então presidenta Dilma, cujos trechos foram obtidos ilegalmente, haja vista o foro por prerrogativa de função prevista na Constituição.

Intercept e Folha recorda que o ministro Teori Zavaski, morto em janeiro de 2017, repreendeu Moro pela publicização dos grampos. O ex-juiz, com o auxílio da Rede Globo, venderam a versão segunda qual Lula queria driblar a justiça com a ajuda de Dilma, que chegou a anunciar o ex-presidente na Casa Civil.

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Depois do estrago feito, que levou milhares a protestar contra os petistas, Moro pediu desculpas ao ministro do STF e jurou que não tinha a intenção de provocar polêmicas desnecessárias.

“Moro mentiu ao público quando disse que apenas seguira o padrão estabelecido pela LJ quando mandou retirar o sigilo das investigações sobre o Lula”, observou o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, fundador do Intercept Brasil.

Já foi contestado também no âmbito da Vaza Jato que Lula relutou até aceitar o ministério, porém o “sigilo zero” de Moro era justamente para impossibilitar foro de função ao ex-presidente, que, por meio de liminar de Gilmar Mendes, fora impedido de assumir o cargo.

Sem prerrogativa de função, a ação penal contra Lula continuou nas mãos de Moro que o condenou um ano mais tarde no caso do tríplex. Em virtude de sentença, que o levou à prisão, o ex-presidente foi impedido de concorrer nas eleições presidenciais de 2018 (embora fosse o líder nas pesquisas), o que garantiu a vitória de Jair Bolsonaro. Como premiação pelo trabalho sujo, o então juiz foi compensado com a nomeação para o Ministério da Justiça.