Sampaoli, um técnico de futebol na luta contra o neoliberalismo

O técnico argentino Jorge Sampaoli, que foi treinador da seleção chilena de futebol e atualmente comanda a equipe brasileira do Santos, tem chamado atenção para além dos gramados ao se posicionar de maneira contundente a favor das manifestações e contra a opressão no Chile.

No último sábado (27), ao ser questionado por jornalistas sobre os protestos no país vizinho, Sampaoli não hesitou em manifestar sua opinião: “Valorizo muito a reação dos chilenos depois de tanto tempo de opressão”, afirmou o argentino, campeão da Copa América com a seleção chilena. “É um exemplo para todos na América do Sul. Lutar contra o neoliberalismo, que deixa o povo cada vez mais pobre. Uma rebelião contra os que estão no poder e só pensam nisso. Estou orgulhoso das pessoas com as quais convivi por tanto tempo. Espero que seja um passo adiante para acabar com a opressão a esse povo.”

LEIA TAMBÉM:
Lula manda recado para Bolsonaro às vésperas de deixar a prisão; confira

Perícia do MP em portaria de Bolsonaro foi apressada e incompleta

Glenn Greenwald: Desculpas de Bolsonaro são menos que sinceras

As declarações expressam o posicionamento crítico de Sampaoli ao governo de Sebastián Piñera, um empresário e ex-acionista de futebol de direita, que assumiu seu segundo mandato como presidente do Chile determinado a promover reformas econômicas liberais e agora é alvejado por manifestações populares que bradam contra a crescente desigualdade social no país.

Economia

O argentino teve um trabalho de sucesso à frente do Chile, levando a seleção à conquista da Copa América de 2015, disputada no país, o primeiro título continental da história da equipe nacional chilena. Além da experiência vitoriosa com a seleção, o argentino também conquistou títulos com a Universidad de Chile (CHI). No clube, foram três taças do campeonato local, além de uma Copa Sul-Americana, em 2011.

Peronista, o atual técnico do Santos nunca escondeu a admiração por Juan Domingo Perón, ex-presidente que fundou e difundiu a mais influente corrente política de seu país. Quando moço, durante a ditadura militar argentina, integrou a Juventude Peronista, movimento que atuava na clandestinidade pela redemocratização da Argentina. Ele também já declarou publicamente voto em Néstor e Cristina Kirchner, ex-presidentes de esquerda.

Entre suas tatuagens, se destacam uma frase atribuída ao guerrilheiro e compatriota Ernesto Che Guevara, que o inspira a não trair convicções por maus resultados no campo, muito menos se deslumbrar diante do sucesso: “Não se vive celebrando vitórias, mas sim superando derrotas”. E também outro verso da Callejeros, sua banda de rock favorita, que resume um pouco de sua personalidade contestadora: “Educar é combater. E o silêncio não é meu idioma.”

No início do ano, pediu à diretoria santista que só depositasse seu salário a partir do momento em que o clube fosse capaz de pagar todo elenco, que acumulava vencimentos em atraso.

Sampaoli ainda não se posicionou abertamente sobre a política no Brasil. A única intervenção do técnico foi a favor de cachorros na areia da praia de Santos. O treinador expôs uma camiseta da campanha em coletiva de imprensa após vitória sobre o Fluminense, na Vila Belmiro, pelo Campeonato Brasileiro.

Com informações do El País.