Ratinho ‘copia e cola’ a pior face de Bolsonaro, por Enio Verri

Segundo o deputado Enio Verri (PT-PR), o governador Ratinho Junior (PSD) ‘copia e cola’ a pior face do presidente Jair Bolsonaro (PSL) projeto de reforma da previdência que impõem 62 para mulheres e 65 para homens se aposentarem no Paraná.

O parlamentar petista ainda compara o filho do apresentador Ratinho, do SBT, ao ex-governador tucano Beto Richa.

“Ratinho repete o ex-governador Beto Richa, quando mostrou sua face covarde no massacre de 29 abril de 2015, para arrancar dos servidores públicos R$ 8 bilhões de uma Previdência superavitária, de propriedade da população do Paraná, e não de um governo provisório e entreguista.”

Leia a íntegra do artigo:

A reforma da Previdência do estado e o aumento da pobreza no Paraná

Enio Verri*

Economia

O Brasil sabe que a reforma da Previdência foi feita para atender os interesses do mercado financeiro, haja vista a escandalosa revelação do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os dados que embasaram meses de debates e os votos dos deputados e dos senadores foram todos forjados para apresentar uma Seguridade Social deficitária quando, na verdade, é superavitária e contribui para reduzir desigualdades. Ainda assim, a medida foi aprovada, na Câmara e Senado, ressalvado alguns destaques que não mais fará diferença para quem a renda não passa de dois salários mínimos ou mais de 70% da classe trabalhadora. Aliás, ela é corrosiva para todos os ramos profissionais, inclusive, para o servidor público, bem como para o conjunto da sociedade, que se verá cada vez mais empobrecida, pois aposentadoria e benefício social serão reduzidos a cerca de 60% do atual valor. Será a deterioração geral da economia.

O governador do Paraná, Carlos Roberto Massa Júnior, menos por ser caixa de ressonância do governo federal e mais por estar a serviço do mesmo mercado para quem o presidente trabalha, enviou à Assembleia Legislativa do Paraná três projetos de lei que implanta reforma da Previdência do estado e dos municípios. Ratinho submete-se ao sistema financeiro, que quer mulheres e homens, cortadores de cana de açúcar da região noroeste do estado ou professores do Ensino Fundamental, se aposentando com 62 e 65 anos respectivamente, depois de 25 de contribuição. A alíquota de recolhimento previdenciário dos servidores públicos, assim como de qualquer trabalhador aposentado de um dos 399 municípios, que receber mais de dois salários mínimos, vai passar de 10% para 14%. Ratinho repete o ex-governador Beto Richa, quando mostrou sua face covarde no massacre de 29 abril de 2015, para arrancar dos servidores públicos R$ 8 bilhões de uma Previdência superavitária, de propriedade da população do Paraná, e não de um governo provisório e entreguista.

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Resistir à reforma da Previdência do estado e dos municípios é lutar por dignidade, bem como uma maneira de se organizar para a luta de revogar a reforma aprovada em nível federal. O trabalhador paranaense que conseguir se aposentar, estará tão doente e cansado que sua aposentadoria servirá apenas para tratar da saúde e não para desfrutar de algum prazer, como estudar ou viajar. Para a elite escravocrata brasileira, a classe trabalhadora foi feita apenas para isso mesmo, trabalhar até morrer. Cego, Ratinho não enxerga que, de uma forma geral, está empobrecendo e vai produzir a miserabilidade de quase todos os municípios do Paraná. Prefeitos, vereadores, empresários assistirão não apenas ao empobrecimento da população, mas à ruína dos municípios e dos seus empreendimentos. O consumo se reduzirá, empurrando a localidade para uma espiral econômica negativa, com menos contratações e menos recolhimento de impostos e tributos. A cada ano, os municípios estarão ainda mais presos aos financiamentos para cobrir os crescentes déficits fiscais, que serão pagos com os tributos dos contribuintes, destinados integralmente a agentes financeiros, como compensação dos serviços da dívida. Ou seja, de juros.

O governador ameaça e diz que não há alternativa, senão a de se adaptar às regras aprovadas pelo Congresso Nacional. Modelo criado pelo mesmo tecnocrata que implantou o Estado Mínimo, no Chile, atual ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes. À população do Paraná deve ser perguntado se ela vai esperar por 30 anos, para dar um basta. Os paranaenses estão sendo desafiados a lutar por seus direitos. Não há nada que tire mais o sono de um governador que ruas transbordando de gente. A pauta unifica todos os trabalhadores. A classe trabalhadora do Paraná tem um ao seu lado a força de mobilização da APP-Sindicato e a ela deve se juntar para impedir que o ultraliberalismo transforme o Estado em uma empresa privada, cujo lucro, arrancado dos proventos dos trabalhadores, será todo ele revertido para alimentar o insaciável deus mercado financeiro, que deixará um rastro de destruição e miséria, em todo o Paraná. A reação é urgente, paranaenses, não há tempo para tergiversações, os projetos já chegaram à ALEP.

*Enio Verri é economista e professor licenciado do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá e está deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores do estado do Paraná.