Que Paraná desejam os paranaenses?

O deputado Enio Verri (PT-PR) escreve nesta terça-feira (12) que o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), está destruindo a educação, a produção científica e o avanço tecnológico.

“Ratinho deve ser um dos poucos governadores do mundo que tem como política retardar o processo de produção acadêmico-científica do estado que governa”, denuncia o parlamentar petista.

Para Enio, estudantes, professores, sociedade e trabalhadores em geral devem ir às ruas em defesa do Paraná.

Que Paraná desejam os paranaenses?

Enio Verri*

Qualquer pesquisa que se faça com a população do Paraná, sobre quais seriam a políticas necessárias para construir um estado desenvolvido, forte e justo, com certeza, investimentos na educação estariam entre as primeiras menções de todo cidadão paranaense. Isso demonstra que o Paraná é composto, em sua totalidade, de gente politizada e inteligente, que sabe do que se é necessário para o progresso do estado. Nesse sentido, o governante dessa gente, imbuído de suas responsabilidades, investiria pesado e maciçamente em educação, como almeja a população, tanto a que o elegeu, quanto a que não votou nele.

Economia

Porém, infelizmente não é o que acontece no Paraná. O governador Carlos Massa Ratinho Júnior age deliberadamente para destruir a educação, a expansão acadêmica, a produção científica e o avanço tecnológico. Ao invés de investir, Ratinho destrói o futuro do Paraná com a Lei Geral das Universidades, que nada mais é que um processo de sucateamento de universidades estaduais, que são referências nacionais, para transformá-las em oficinas de luxo a serviço do mercado privado. A LGU, apresentada em junho, fere de morte a autonomia universitária, garantida pelo o artigo 207 da Constituição Federal de 1988, subordinando-a a rígidas planilhas financeiras. Ratinho colocou em processo o desmonte das bases do tripé ensino, pesquisa e extensão, limitando o número de docentes com Tempo Integral e Dedicação Exclusiva (Tide). Ratinho deve ser um dos poucos governadores do mundo que tem como política retardar o processo de produção acadêmico-científica do estado que governa.

Está bem claro para quem é feito do governo de Ratinho e a sociedade deve reagir, pois esse patrimônio é de todos os paranaenses, inclusive da classe trabalhadora, que tem nas universidades a oportunidade de adquirir determinadas competências para ocupar espaços de decisão política. O Comando Sindical Docente, com o apoio de seis diretorias de seções sindicais, rechaçou a tentativa de demolição de um patrimônio que pertence ao Paraná e não a um governo passageiro, cujos interesses vão de encontro com os da população. Os profissionais das universidades já se posicionaram, pois sabem que não é desinvestindo e destruindo que se produz desenvolvimento. Nesse sentido, resta fazer uma pesquisa para saber se os paranaenses concordam com essa política do governo, que vai transformar o Paraná em um estado atrasado. Tudo que foi construído com o suor e o sangue da sociedade, durante décadas, que se transformou em referência nacional de produção científica e tecnológica, está sendo destruído.

Caso a sociedade acredite que um estado forte a avançado se constrói com instituições acadêmicas valorizadas e prestigiadas, deve se unir imediatamente às instituições capazes de produzir a mobilização necessária para mostrar ao governador Ratinho, quem ele deve priorizar no seu governo e que o patrimônio não é dele. A expertise dos sindicatos, em organização, é fundamental para enfrentar essa questão a tempo, antes que o governo atropele a Assembleia Legislativa do Paraná e imponha essa derrota civilizacional ao estado. A realidade está posta e a sua alteração depende da classe trabalhadora organizada. Às ruas, em defesa do Paraná.

*Enio Verri é economista e professor licenciado do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e está deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores do estado do Paraná.