Vaza Jato mostra com novos diálogos a podridão da velha mídia

O site The Intercept Brasil, fundado pelo jornalista Glenn Greenwald, mirou hoje (29) na ‘cabecinha’ de parte da velha mídia golpista.

Segundo a série denominada Vaza Jato, o procurador Deltan Dallagnol vazou informações sobre investigações na força-tarefa com o intuito de intimidar suspeitos e manipular as delações premiadas.

Além de Dallagnol, ou decano da Lava Jato, o procurador Carlos Fernando Santos Lima, também vaza seletivamente. Uma das conversas dele nos grupos do Telegram sintetiza o ânimo deles:

“meus vazamentos objetivam sempre fazer com que pensem que as investigações são inevitáveis e incentivar a colaboração.”

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O Intercept recorda –e com razão– que a lei 12.850/2013, a lei das organizações criminosas, veda delações que não sejam fruto da voluntariedade. Ou seja, se houver pressão ou ameaça contra o réu, o instituto fica viciado e causa nulidade absoluta no processo e, consequentemente, na condenação.

Mas a força-tarefa pouco importava com o devido processo legal, muito menos com a Constituição Federal. Os procuradores de Curitiba agiam completamente fora da lei, conforme demostram as mensagens privadas divulgadas pelo site:

 

21 de junho de 2015 – Grupo FT MPF Curitiba 2

Orlando Martello – 09:03:04 – CF(leaks) qual foi a estratégia de revelar os próximos passos na Eletrobrás etc?
Carlos Fernando dos Santos Lima – 09:10:08 –http://m.politica.estadao.com.br/noticias/geral,na-mira-do-chefe-,1710379
Santos Lima – 09:12:21 – Nem sei do que está falando, mas meus vazamentos objetivam sempre fazer com que pensem que as investigações são inevitáveis e incentivar a colaboração.
Santos Lima – 09:15:37 – Li a notícia do Flores na outra lista. Apenas noticia requentada.
Santos Lima – 09:18:16 – Aliás, o Moro me disse que vai ter que usar esta semana o termo do Avancini sobre Angra
Martello – 09:25:33 – CFleaks, não queremos fazer baem Angra e Eletrobrás? Pq alertou para este fato na coletiva?
Martello – 09:26:00 – Para não perder o costume?

Segundo os arquivos declinados pelo Intercept, Deltan e o procurador Orlando Martello anunciaram no chat terem vazado a informação de que os Estados Unidos iriam ajudar a investigar Bernardo Freiburghaus para repórteres do Estadão, como forma de pressionar o operador da Odebrecht.

 

21 de junho de 2015 – Chat privado

Deltan Dallagnol – 11:43:49 – O operador da Odebrecht era o Bernardo, que está na Suíça. Os EUA atuarão a nosso pedido, porque as transações passaram pelos EUA. Já até fizemos um pedido de cooperação pros EUA relacionado aos depósitos recebidos por PRC. Isso é novidade. Vc tem interesse de publicar isso hoje ou amanhã,SUPRIMIDO, mantendo meu nome em off? Pode falar fonte no MPF. Na coletiva, o Igor disse que há difusão vermelha para prendê-lo, e há mesmo. Pode ser preso em qualquer lugar do mundo. Agora com os EUA em ação, o que é novidade, vamos ver se conseguimos fazer como caso FIFA com o Bernardo, o que nos inspirou.
SUPRIMIDO – 11:45:44 – Putz sensacional! !!!! Publico hj!!!!!!!

Pois bem, não é que a bruxaria de Deltan Dallagnol deu certo? No dia seguinte, bingo!, o caso era manchete no Estadão.

O procurador da Lava Jato não só vazou informação sensível, mas antecipou a um veículo de comunicação detalhes da investigação e da prisão do acusado, com o único intuito de pressionar e obter a delação –eventos que a lei proíbe expressamente.

Porém, ressalta o Intercept, o feitiço da Lava Jato não deu certo ao final. O operador da Odebrecht, Bernardo Freiburghaus, não delatou, mas a prova do crime da força-tarefa ficou registrado na capa do Estadão no dia 22 de junho de 2015.

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), à luz da Vaza Jato, acusa Deltan Dallagnol de participar de grupos nos quais os vazamentos foram planejados, discutidos e realizados.

Segundo a dirigente petista, o objetivo era forçar e manipular delações. “Depois ele mentiu, negou q passassem informações da operação. Tudo ilegal, imoral, indecente. E agora CNMP, vai continuar fingindo que não vê?”, questionou.