Secretário nacional de Cultura deixa ministério após censura de Bolsonaro

Secretário Especial da Cultura Henrique Pires. Foto:Mauro Vieira/Ministério da Cidadania

Henrique Pires, secretário especial de Cultura (SEC) do governo de Jair Bolsonaro, divulgou nesta quarta (21) sua demissão do cargo após o anúncio feito pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra, de que está suspenso o edital que previa a produção de séries com temáticas LGBT na TV Pública.

Pires considerou a decisão, tomada a pedido de Bolsonaro, como censura e disse que não podia mais continuar no governo. “Isso [o edital que foi suspenso] é uma gota d’água, porque vem acontecendo… E tenho sido uma voz dissonante interna. Eu tenho o maior respeito pelo presidente da República, tenho o maior respeito pelo ministro, mas eu não vou chancelar a censura”, disse Pires ao G1.

Pires considerou ainda que a decisão é uma afronta à Constituição. “Eu não concordo com a colocação de filtros em qualquer tipo de atividade cultural. Não concordo como cidadão, e não concordo como agente público, você tem que respeitar a Constituição”, afirmou.

O agora ex-secretário foi nomeado no início do ano pelo ministro Osmar Terra para ocupar o posto, que correspondia ao setor cultural do Ministério da Cidadania – criado a partir da fusão do Ministério da Cultura, do Desenvolvimento Social (MDS) e do Esporte.

Pires atuou como chefe de gabinete do extinto MDS enquanto Terra era titular da pasta na gestão de Michel Temer.