Privatização não é a solução

O paranaense deve entender de uma vez por todas que, a privatização dos bens públicos servem apenas para enriquecer apostadores de bolsa de valores, que visam tão somente o lucro das ações já excluído o que ficou para a empresa investir. A Sanepar possui apenas 20% de suas ações preferenciais, as que o acionista tem a prioridade de receber juros e dividendos e reembolso de capital. Ou seja, 80% das ações com essas características estão nas mãos de agentes privados. Até o governo de Singapura tem ações preferenciais da Sanepar, além de bancos, é claro.

As ações preferenciais não dão direito a voto nas decisões administrativas, como a ações ordinárias, sobre as quais a empresa detém 60%. Elas não opinam, mas, em 2018, levaram mais de R$ 420 milhões de lucro aos detentores dos papeis. Ou seja, os paranaenses, que construíram essa empresa, estão pagando para que agentes privados do mercado financeiro e a um outro país lucrem à custa dos tributos que recolhem em forma de tarifas e taxas. Aliás, o lucro da Sanepar deve-se muito aos reajustes tarifários e a cortes com pessoal. Em 2018, o reajuste foi de 5,12% e a empresa teve um lucro líquido de R$ 892,5 milhões.

À custa de, entre outras fontes, um reajuste de 6,8% na tarifa, a Copel teve um lucro de R$ 1,1 bilhão e aumentou o pagamento de dividendos aos acionistas privados, em 42%, distribuindo a estes, também, quase R$ 100 milhões. Nota-se, mais uma vez, que população do Paraná paga a especuladores pelo uso de uma ferramenta que ela construiu, ao longo de décadas. O paranaense deve ter a consciência de que o estado está sendo governado para o mercado, principalmente, o financeiro. O governador, Carlos Massa Ratinho Júnior, colocou o Paraná à venda.

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É um tipo de política que vai aumentar a concentração de renda e a distância entre o direito e a ausência do estado para quem não tem acesso a serviços básicos. É fácil saber para quem Ratinho governa. Ele anunciou um corte de R$ 10 bilhões nas despesas correntes, mas vai renunciar a outros R$ 10 bilhões, por ano, de impostos de grandes empresas. Caso os paranaenses não reajam à altura, estarão destinados a manter essa bolsa especulador para todo o sempre.

Num primeiro momento, pode ser que os detentores de ações preferenciais não se interessem por influir nas decisões administrativas das empresas. Porém, com o poder financeiro nas mãos, podem impor a agenda da lucratividade acima de tudo. É sabido que, quem investe é o Estado, que chega onde a iniciativa privada não vai, por falta de interesse, ou de condições técnicas. Mais de 90% de toda a tecnologia desenvolvida no País é de responsabilidade de instituições públicas. Entregar essas ferramentas à iniciativa privada, no nono país mais desigual do mundo, é alijar do processo civilizatório a maior parte da população, que também demanda investimentos de infraestrutura, como distribuição de água, energia elétrica e saneamento básico.

A Compagas, a Copel Telecom, estradas e aeroportos, entre outras ferramentas dos paranaenses estão à venda por um governo passageiro, que vai embora, e deixará a conta com a população e sem os recursos para se ter acesso digno a serviços básicos. Nos níveis estadual e federal estamos diante da mais pungente destruição da possibilidade de uma sociedade minimamente justa. A privatização do Estado significa aumentar ainda mais a concentração de renda. O que nunca tiveram voz e os que contam a história se distanciarão ainda mais, expondo uma das mais vexatórias desigualdades sociais do mundo. Resistir é vital para manter as empresas que ainda são dos paranaenses, bem como para restituir o que lhe foi tirado, indevidamente.