O presidente Bolsonaro (PSL) nomeou como novo reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC) o advogado e professor Cândido Albuquerque, o menos votado na consulta pública.
A nomeação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) de segunda-feira (20). O professor nomeado teve somente 610 votos, contra 7.772 do primeiro colocado e 3.499 do segundo. Ou seja, o preferido de Bolsonaro teve cerca de 5% dos votos.
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Em protesto,o Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais do Ceará (Sintufce) e o movimento estudantil realizam nesta terça, a partir das 18h, o ato “Autonomia, democracia e direitos na UFC: por uma universidade pública, gratuita, de qualidade e democrática”. A manifestação ocorrerá no cruzamento da Av. da Universidade com 13 de maio.
“Recebemos a notícia da escolha do novo reitor com muita indignação. A escolha não surpreende devido às atitudes autoritárias do governo. Sabíamos que isso seria possível, mas recebemos a notícia com muita revolta. A escolha do novo reitor é uma tentativa de imposição de seus novos projetos como o Future-se. Não há abertura para diálogo e, com isso, percebe uma medida autoritária por parte do governo. A universidade não é pra gerar lucro, é para formar pessoas. Essa escolha prejudica a nossa instituição”, afirma a vice-presidente do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Ceará (Adufc-Sindicato), Irenísia Oliveira.
De acordo com ela, a escolha feita por Bolsonaro fere a democracia universitária, já que Albuquerque foi o menos votado nos três segmentos que elegem o reitor: estudantes, professores e técnicos administrativos.
“Nosso posicionamento é totalmente contra a essa escolha. O candidato escolhido pelo presidente foi o menos votado, ele teve um percentual muito pequeno. A sua escolha não tem legitimidade. Nós defendemos a democracia universitária e os três segmentos escolheram Custódio Almeida, e com ampla maioria dos votos. Não tem outra alternativa a não ser o reconhecimento dessa escolha”.
Para Natália Aguiar, estudante da UFC, diretora de universidades públicas da União Nacional dos Estudante (UNE) e do Levante Popular da Juventude, a escolha do novo reitor fere da democracia e a decisão de comunidade acadêmica.
“Estamos vivendo tempos de ataque a autonomia universitária e retrocessos como o programa ‘Future-se’ do Governo Bolsonaro. A decisão da comunidade acadêmica não foi respeitada e entendemos que o papel que o Cândido Albuquerque exercerá nos próximos quatro anos será de um interventor do governo federal em nossa universidade.”
Este ano, a UFC foi incluída mais uma vez na lista das melhores universidades do mundo pela analista global de educação, Quacquarelli Symonds (QS), que incluiu a universidade entre as 1.000 principais instituições de ensino superior dos cinco continentes.
Com informações do Brasil de Fato.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.