Delatores e delatados começam a denunciar os crimes da Lava Jato

Os crimes da Lava Jato começam a vir à tona. Não só os diálogos da #VazaJato divulgados pelo site Intercept e demais veículos de imprensa. Também estão vindo à luz denúncias de como as delações eram forjadas nas masmorras de Curitiba.

A primeira a ‘delatar a delação’ foi a doleira Nelma Kodama, presa pela força-tarefa em 2014, que afirmou à Rádio Bandeirantes sobre a existência de uma delação premiada para entregar o principal alvo da Lava Jato, qual seja, o ex-presidente Lula.

“O Lula era o assunto. Eu não sou PT, não estou falando sobre política e sim sobre crime. Todo crime precisa ter prova e não houve prova. Cadê o cadáver? Então, qual foi o objetivo? (da prisão)”, disse a doleira à emissora de rádio na quarta-feira (7).

LEIA TAMBÉM
Lewandowski mantém decisão de Toffoli que suspendeu investigação sobre Flávio Bolsonaro

“Lula é o principal preso político do mundo”, diz Noam Chomsky

Bolsonaro fala em prisão por excesso jornalístico

Economia

Há uma intensa movimentação nos escritórios de advocacia de Curitiba que defenderam réus na Lava Jato. O Blog do Esmael identificou o início de uma avalanche de denúncias de possíveis crimes da força-tarefa que era comandada pelo procurador Deltan Dallagnol e pelo então juiz Sérgio Moro.

Uma das vítimas da Lava Jato relata que os procuradores fizeram pressão psicológica até em seus familiares de acusados no sentido de obter a delação premiada, e, claro, que incriminasse e entregasse o “bolo da cereja” de toda a operação: L-U-L-A.

Mas os abusos não se limitaram à Lava Jato, segundo O Globo. A repórter Bela Megale conta nesta sexta (9) que o primeiro delator da Operação Zelotes, o advogado e ex-auditor fiscal Paulo Roberto Cortez, entregou que foi “obrigado a fazer uma delação premiada” para que seus bens e valores fossem desbloqueados.

A lei da organização criminosa, a 12.850/2013, prevê o instituto da delação premiada mas estabelece que a negociação entre as partes –Ministério Público Federal ou Polícia Federal e réu—deve ser fruto da vontade e a tortura, mesmo que psicológica, torna nula a colaboração.

Fazendo uma corruptela, o chanceler alemão Otto von Bismarck poderia ter dito, ao invés das leis, que “as delações premiadas são como salsichas. É melhor não ver como elas são feitas”.