Diretor do Inpe diz que Bolsonaro tomou “atitude pusilânime e covarde”

O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Magnus Osório Galvão, disse neste sábado (20) em entrevista ao Estadão que ficou escandalizado com a declaração do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de que os dados fornecidos pelo órgão sobre as taxas de desmatamento da Amazônia são “mentirosos”.

“A primeira coisa que eu posso dizer é que o sr. Jair Bolsonaro precisa entender que um presidente da República não pode falar em público, principalmente em uma entrevista coletiva para a imprensa, como se estivesse em uma conversa de botequim. Ele fez comentários impróprios e sem nenhum embasamento e fez ataques inaceitáveis não somente a mim, mas a pessoas que trabalham pela ciência desse País”, afirmou Galvão.

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“Ele tomou uma atitude pusilânime, covarde, de fazer uma declaração em público talvez esperando que peça demissão, mas eu não vou fazer isso. Eu espero que ele me chame a Brasília para eu explicar o dado e que ele tenha coragem de repetir, olhando frente a frente, nos meus olhos”, continuou.

Ontem (19), Bolsonaro disse a jornalistas estrangeiros que Galvão “pode estar à serviço de alguma Ong” e que os dados fornecidos pelo Inpe sobre as taxas de desmatamento da Amazônia são “mentirosos”.

Na quinta-feira (18), os alertas indicavam um desmatamento de 981 km² neste mês de julho. Nesta sexta, às 19h, o número já tinha saltado para 1.209 km² e atingiu o valor mais alto de perda em um mês desde 2015. É também 102% maior do que o observado em julho do ano passado, que viu uma perda de 596,6 km².

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