Congresso da UNE reunirá 18 mil estudantes em Brasília

A 57ª edição do Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune), que começa nesta quarta-feira (10) e segue até domingo (14), em Brasília (DF), terá como temas centrais a defesa da educação, do emprego e da Previdência. São esperados até 18 mil delegados, representando mais de 90% das universidades brasileiras.

A projeção, feita pela UNE, ultrapassa os números da edição de 2017, em Belo Horizonte (MG), que teve cerca de 15 mil participantes. Os encontros são bienais.

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“Em tempos de crise, de golpe, em que se tenta restringir a participação política do povo e, ao mesmo tempo, com ataques e retiradas de direito e de uma série de retrocessos que ocorrem no país, isso tem como resposta dos estudantes brasileiros o contrário: uma ampliação de participação política”, compara a vice-presidenta da UNE, Jessy Dayane.

Debates, grupos de trabalho, atos políticos e atividades culturais estão na programação do evento, que terá como um dos destaques a realização de uma passeata na Esplanada dos Ministérios na sexta-feira (12).

Dayane explicou a importância das três bandeiras principais: a defesa da educação diante dos cortes orçamentários promovidos pelo governo Bolsonaro; a defesa da geração de empregos como contraponto ao cenário de crise gerado pelo avanço neoliberal; e a defesa do direito à aposentadoria, em discussão no Congresso Nacional por conta da reforma da Previdência.

Economia

Outro destaque é a participação do jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, convidado para discutir o tema das fake news em uma das mesas do congresso. As denúncias do veículo sobre o suposto conluio entre o ex-juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça, e procuradores da operação Lava Jato não ficará de fora dos debates.

“É um fato político relevante porque mexe com a democracia do país, com a prisão política do Lula, com uma armação, uma cena que foi criada pra influenciar politicamente as eleições e implementar um programa de retrocessos, de retirada de direitos. Então, tem tudo a ver com a nossa luta”, pontua Dayane.

O Conune tem grande peso na caminhada dos estudantes brasileiros, tendo marcado a luta social em diferentes momentos da história nacional, como no caso da ditadura civil-militar (1964-1985), quando o movimento estudantil contribuiu para engrossar as fileiras dos que resistiam ao regime. Para a vice-presidenta da UNE, o evento pode, agora, ajudar a fortalecer a luta contra o avanço conservador e neoliberal.

“Este momento é fundamental pra construir uma virada no jogo político do país. Ele [o congresso] contribui com o processo de trazer mais pessoas pra mobilização e pra defenderem a soberania, a democracia e os direitos do povo brasileiro”, afirma.

O Conune também tem como pauta, a cada edição, a eleição de uma nova diretoria para a UNE, que representa mais de 7 milhões de estudantes. O mandato é de dois anos.

Por Brasil de Fato