LEIA TAMBÉM:
URGENTE: Globo desmonta farsa do hacker
“É a forma cínica de justificar estar desmontando as políticas de combate à fome, como foi o Programa de Aquisição de Alimentos, o programa de cisternas, como é o desmonte das políticas de agricultura familiar. A forma cínica de desmontar é dizer que a fome não existe mais”, afirma Tereza, em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, na Rádio Brasil Atual. No ministério, ela coordenou o plano Brasil sem Miséria, responsável por tirar 22 milhões de brasileiros da extrema pobreza.
A ex-ministra lembra que quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse, em 2003, cerca de 9% da população brasileira vivia em situação de sub-alimentação. Esse percentual caiu para quase 1% na ocasião do impeachment de Dilma Rousseff. “Tem várias formas de se tratar a fome. Tem pessoa que não come nada e tem pessoa que come farinha com água. Isso não é suficiente e a gente trata como fome, sim. No caso das crianças, é gravíssimo. Uma criança que não se alimenta direito já tem afetado todo o seu desenvolvimento físico e mental.”
Tereza explica que enfrentar a fome não é como solucionar problemas de infraestrutura, quando a construção de uma ponte, por vezes, já resolve a situação. “As pessoas comem e precisam continuar comendo, três vezes por dia, de preferência, e 365 dias do ano”, afirma, defendendo que políticas sociais têm que ter continuidade, caso contrário, regridem. E cita como exemplos a volta do sarampo, da mortalidade infantil e outras doenças que se consideravam superadas no Brasil.
Para ela, tão chocante quanto a fala de Bolsonaro foi a declaração do ministro da Cidadania, Osmar Terra, afirmando que o problema da fome no Brasil tem o mesmo percentual da Noruega. “É outro absurdo. A Noruega tem 5,2 milhões de habitantes, e o Brasil tem 5,2 milhões de pessoas em situação de sub-alimentação. Então 2,5% na Noruega são milhares de pessoas, no Brasil são milhões”, explica Tereza, lembrando que esse dado brasileiro é de 2017, e é provável que já tenha aumentado, devido ao aumento do desemprego.
“O quadro promete piorar muito e não vemos perspectiva de alteração. O Brasil está minando o que poderia ser a forma de retomada do crescimento econômico, que é garantir renda e emprego para a população. Sem emprego, sem renda, sem aposentadoria, restringindo as políticas sociais, a possibilidade do país superar a situação de estagnação e crise econômica, é nenhuma.”
Confira a íntegra da entrevista:
As informações são da RBA