Raquel Dodge contra suspeição para não ‘melindrar’ Moro

Raquel-DodgeA procuradora-geral da República, Raquel Dodge, opinou nesta sexta (21) contra a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro pedida pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a qual levaria à anulação da ação penal do caso do triplex em Guarujá. A chefe do Ministério Público Federal parece não querer ‘melindrar’ o ministro da Justiça.

Dodge afirmou que é preciso mais tempo para analisar o material divulgado pelo site Intercept e ela avaliou que Moro não foi imparcial com o petista.

“É que o material publicado pelo site The Intercept Brasil, a que se refere a petição feita pela defesa do paciente, ainda não foi apresentado às autoridades públicas para que sua integridade seja aferida. Diante disso, a sua autenticidade não foi analisada e muito menos confirmada”, escreveu a procuradora-geral.

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A opinião da PGR ocorre nas vésperas da retomada do julgamento do habeas corpus impetrado por Lula no Supremo Tribunal Federal (STF). A Segunda Turma da corte irá examinar o pedido de liberdade do ex-presidente na próxima terça (25), mas há uma movimentação no sentido de adiar a sessão e ‘empurrar com a barriga’ a questão até setembro –quando Lula teria direito à progressão para o regime semiaberto. Ou seja, o STF não quer meter a mão na cumbuca.

Raquel Dodge disse ainda que “estas circunstâncias caracterizam, neste momento, um elevado grau de incerteza o que impede que as mensagens sejam usadas como evidência para corroborar a alegação de suspeição” e sugere a criminalização das reportagens do Intercept destacando os vazamentos publicados pelo site como “grave e criminoso atentado contra o Estado e suas instituições, que está sob a devida apuração pelos órgãos competentes”.

Economia

Acerca das reportagens do Intercept:

1- Juiz e acusação afastaram e escalaram procuradores para o caso Lula;

2- eles combinaram estratégia comum [julgador e MPF] para agravar a situação de acusado;

3- eles vazaram seletivamente para a velha mídia com a finalidade de prejudicar uma das partes;

4- eles protegeram político do PSDB que não queriam melindrar e, portanto, proteger de seus rigores midiáticos; e

5- aliás, eles faziam o plano de mídia conjuntamente contra adversários políticos e adversários.

O procurador Deltan Dallagnol e Moro são os únicos responsáveis pela morte da Lava Jato. Eles não combatiam a corrupção nem militavam pela Justiça, mas faziam política e almejavam o poder –prova disso foi a nomeação do ex-juiz para o Ministério da Justiça pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) e a possibilidade de Deltan galgar à Procuradoria-Geral da República (PGR), no lugar de Raquel Dodge.